‘Vamos acabar com a Secretaria de Segurança’, afirma Estivalete

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Representando as tradições gaúchas através do uso constante da vestimenta gaudéria, Edison Estivalete Bilhalva (PRTB), oficial da reserva da Brigada Militar, mantém o foco na segurança pública. O candidato ao Palácio Piratini diz que há necessidade de descentralizar os órgãos de segurança e defende a anulação da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Estivalete, como prefere ser chamado, diz que irá valorizar os professores e os policiais. Aponta que há necessidade de os governos concederem residências para que os profissionais permaneçam nas cidades que foram deslocados. Além disso, quer implantar mais tecnologia para os serviços das polícias e a integração dos órgãos. O candidato avalia que a atitude das polícias nos protestos na Capital foi excelente e que, se eleito, não deixará que manifestantes protestem mascarados.
Jornal do Comércio - Qual sua prioridade de governo?
Edison Estivalete Bilhalva - A segurança pública. A nossa grande bandeira na política hoje é a renovação. Será trabalhar a lógica da educação, tecnologia para combater o crime usando a educação. Se os policiais chegarem hoje em um local do crime e tiverem um smartphone, eles irão fotografar, dirão qual é o código e na hora seria disparada a informação para todo os órgãos de segurança pública integrados. Não precisa ligar para a perícia, tudo isso demora. Essa é uma ferramenta que se tem que usar. Vamos encurtar as distâncias entre os órgãos para que não se tenha essa burocracia de hoje. Precisamos dotar de tecnologia as polícias. Por que eles (policiais) não têm? Porque a polícia não é valorizada. Vou valorizar a polícia. Comandante da Brigada vai ter status de secretário de Estado. O chefe de polícia também. Vamos acabar com a Secretaria de Segurança. E a educação será utilizada para resolver as questões de segurança.
JC - Que outras áreas vai enfocar?
Estivalete - Uma agricultura primária forte. Temos que ter foco na criação de emprego e renda. Nós apostamos muito na agricultura e devemos encurtar essa distância de maneira que os créditos, os microcréditos para a agricultura sejam imediatos, não para a próxima safra. Fazer com que os bancos estejam bem próximos do agricultor.
JC - Com relação aos professores, pagará o piso?
Estivalete - Essa classe tem que ser valorizada. É imperioso pagar o piso. Os professores são os que devem ganhar melhor no Estado. Temos que cuidar para que professor fique na escola. Vamos fazer de tudo (para pagar), achar junto com o Cpers a melhor solução. Pode demorar um pouco, mas precisamos fazer. É uma obrigação. Se prometeu, tem que fazer. Precisamos que os recursos do pré-sal venham para o Estado. Trabalhamos na lógica que o Brasil é um ente federado e que todos os estados devem receber as verbas do pré-sal. Com essas verbas, poderemos pagar o piso.
JC - É a favor da reforma política?
Estivalete - A reforma é um cavalo de batalha que todos falam, mas não fazem. Do jeito que ela está posta, não pode ser. O governo popular quer colocar uma lista fechada. Então, você escolhe os amigos do rei. Lista fechada não existe. Vai lá, vota no partido, e os primeiros da lista vão se favorecer. Isso é um retrocesso na democracia. É quase uma ditadura. Sou a favor da reforma partidária. Sou, no máximo, a favor do voto distrital misto, eleger por região. Mas sou a favor da reforma política e das campanhas serem bancadas somente pelo governo, financiamento público para não ter envolvimento de empresas. Sou a favor de verbas públicas para que a disputa se iguale.
JC - A renegociação da dívida do Estado está bem encaminhada?
Estivalete - Estava bem negociada, já estava sendo articulada para que fosse votada, mas só após a eleição. Uma pena. Gaúcho não dá calote. Jamais vamos dar calote. A “palavra empenhada” é que nós usamos. A dívida já foi paga pelo valor nominal e o governo federal deveria considerar. Mas devemos buscar na igualdade do petróleo uma solução, com parte dos royalties. É uma verba nova que deve ser usada para pagar parte da dívida a longo prazo. Ela tem que ser paga. Mas é como diz o gaúcho: “Devo, não nego, mas pago quando puder”. Devemos pagar como pudermos.
JC - Como profissional ligado à segurança pública, como avavalia a ação das polícias nos protestos na Capital?
Estivalete - Sou totalmente favorável aos movimentos de cara limpa. Máscara é para Carnaval. Pessoas que têm uma motivação, que foram às ruas, não há problema. Mas se for governador, a polícia vai agir muito forte contra quem estiver mascarado. Todos serão identificados. E só vai fazer movimento se comunicar por onde vai passar. E se quebrar, vai pagar. Vamos responsabilizar tanto contra o patrimônio público quanto o privado. As pessoas levam anos construindo suas empresas, as suas casas, e vem um vândalo e destrói? Não, o Rio Grande não é assim. Somos de valor. Tenham certeza: contra movimentos sociais, a Brigada (Militar) e a Polícia Civil vão agir. Aliás, a Polícia Civil agiu muito bem nesses últimos movimentos. Ela enquadrou todos e estão respondendo. E ainda há partidos que querem dizer que os movimentos são deles. Movimento não é de nenhum partido. É do povo. E se algum partido foi para a rua, está errado. Partido não tem que ir para a rua. Tem que fazer política partidária. E não ir para a rua com bandeira ajudar a quebrar.
JC – Como se posiciona em relação a temas polêmicos, como aborto, casamento entre homossexuais e discriminalização da maconha?
Estivalete - Sou favorável ao aborto se os médicos recomendarem, caso a criança possa ter problema. Ou se a mulher sofrer abuso. O aborto ‘normal’ não. A vida, assim, não deve ser tirada. Preservar a vida é o mais importante. Com relação às drogas, elas realmente são o nosso grande problema. Na cidade de Alvorada, onde trabalhei, fazíamos cavalgadas contra o crack. Acho que o grande problema da humanidade hoje é a droga. Fizemos um levantamento em Alvorada entre 2009 e 2010; de 100 mortes registrados, 98 foram por drogas. São brigas entre traficantes, mas sou totalmente contra a legalização da maconha. Um piloto de avião vai fumar e depois pilotar uma aeronave? Falando da polêmica do casamento gay dentro do CTG, não sou contra os homossexuais. Mas cada um tem que respeitar a individualidade dos outros. Tudo deve ser feito entre quatro paredes. Não sou contra, mas não gostaria que fosse dentro do CTG.

Perfil

Edison Estivalete Bilhalva, 58 anos, nasceu em Três Passos, no Norte do Estado. É casado com a policial civil Miriam Estivalete e tem quatro filhos. Formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chegou a frequentar a faculdade de Economia da instituição, mas não concluiu. Tem curso de formação de oficiais, especialização em Meio Ambiente pela Universidade de Caxias do Sul, Gestão de Políticas Públicas pela Ulbra e especialização em Segurança Pública pela Pucrs. Comandou o Regimento Bento Gonçalves da Cavalaria em Porto Alegre fazendo a segurança externa com a guarda do Palácio Piratini e foi comandante do 24º Batalhão da BM, de Alvorada. É filiado ao PRTB há aproximadamente dois anos. Antes, passou pelo PMDB, PV e PT. No período do governo de Yeda Crusius (PSDB), foi subchefe de Operações da Casa Militar.