Periferia critica efeito do capitalismo e segregação

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Para o rapper MC Sinistro, do Instituto Parrhesia, a tenda do Hip Hop, no Parque da Harmonia, foi a oportunidade de, através do Rap, mostrar como pensam os jovens da periferia sobre o capitalismo, a segregação racial e o extermínio da juventude negra. “Houve uma articulação itinerante, conseguimos levar os rappers para outras cidades, como Canoas, no bairro Guajuviras. Nas comunidades, juntando rappers de vários lugares do País, discutimos acessibilidade, direitos humanos e temas como inclusão social”, disse. Parrhesia em grego significa liberdade de expressão.

Ontem, a tenda do Hip Hop foi destinada às mulheres. Nesta edição do Fórum Social Temático houve, inclusive, uma grande mobilização para trazer novamente ao evento a participação mais ativa dos movimentos sociais das periferias. “Lutamos para que o Hip Hop seja respeitado como ferramenta de transformação social. Infelizmente, não temos muitos espaços, porque somos do gueto, da favela, e ainda por cima vivemos numa falsa democracia racial”, lamentou Malu Viana, que integra o projeto da Frente Nacional das Mulheres da Cultura Hip Hop. 

Na sexta-feira, no Acampamento da Juventude, houve o painel “Da criminalização do rolezinho à morte física”, promovido pelo Fórum de Enfrentamento ao Extermínio da Juventude Negra. As discussões aconteceram no Acampamento da Juventude, instalado no Parque da Harmonia, em Porto Alegre.  

Os índices de mortalidade da juventude negra são preocupantes, principalmente entre os 15 e 29 anos. Estudos do Ministério da Saúde mostram que mais da metade (53,3%) dos 49.932 mortos por homicídios em 2010 no Brasil eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos) e 91,3% do sexo masculino.

Poucas barracas ainda permaneciam montadas no Acampamento da Juventude

O mau tempo no final de semana fez com que centenas de participantes do Acampamento da Juventude do Fórum Social Temático, que se encerrou ontem, em Porto Alegre, levantassem a barraca e deixassem o Parque da Harmonia, na região central. Entre habitues tradicionalistas no parque aos domingos, jovens de vários lugares do Brasil ainda participavam das últimas atividades culturais no Harmonia em meio à fumaça de churrasco, característica aos domingos no local. 

“O espaço do fórum foi importante para mostrarmos a nossa arte, o que acabou nos dando visibilidade depois de apresentações em Porto Alegre e Canoas. Aqui, tocamos na Fase (Fundação de Assistência Social e Cidadania) da Vila Cruzeiro, no palco principal do fórum e, no Parque da Harmonia, na tenda dos direitos humanos”, disse, enquanto guardava roupas e equipamentos, o MC Billy, de 20 anos, que integra o grupo de Rap Rima Suprema – La Máffia, que veio de Santa Maria.