Reeleição cai no gosto do eleitorado, avalia cientista político

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Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) confirma: o instituto da reeleição foi aprovado pelos eleitores brasileiros. No País todo, 1.505 prefeitos de 2.736 cidades conseguiram o segundo mandato no pleito do dia 7 de outubro - índice de 55%.
Segundo o cientista político Benedito Tadeu César, quando vai às urnas, o eleitorado já acena com a possibilidade de reeleição. “É como se tivéssemos um mandato de oito anos que é interrompido na metade para uma confirmação”, analisa o ex-professor da Ufrgs.
Aprovada no Congresso Nacional em meio a denúncias de compra de votos de parlamentares, a Emenda Constitucional 16 permitiu a reeleição de chefes do Executivo a partir de 4 de junho de 1997. Mais de um ano depois, o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi um dos primeiros beneficiados pela mudança na Constituição.
A possibilidade de recondução nos munícipios começou a valer em 2000. Naquele ano, o percentual de prefeitos candidatos foi de 62%, de acordo com a CNM. Doze anos depois, o índice chegou a 74,8%.
O Rio Grande do Sul foi o terceiro estado que mais reelegeu prefeitos em 2012. Ao todo, 67,6% dos atuais mandatários de cidades gaúchas obtiveram a aprovação dos eleitores para continuar no comando da prefeitura por mais quatro anos. À nossa frente, apenas o Rio Grande do Norte (69,1%) e a Paraíba (68,4%). “O prefeito que está no poder tem muito mais vantagem do que um candidato da oposição. Ele fica quatro anos na mídia, têm os CCs (cargos em comissão) e as FGs (funções gratificadas). Tem, inclusive, a possibilidade de realizar obras de última hora”, comenta Tadeu César.
Entretanto, o uso da máquina não é garantia de sucesso. “Se fosse assim, todos seriam reeleitos. E o que a gente vê é que há uma correlação entre a reeleição e a boa avaliação do prefeito ao longo e ao final do seu mandato”, explica.
Exemplo disso é a cidade de Canoas, na Região Metropolitana, onde o prefeito Jairo Jorge (PT) foi reeleito com mais de 70% dos votos. Em Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB) continuará na prefeitura depois de ter conquistado uma votação de quase 55%.
Eleito com 65%, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), também se beneficiou do exercício do mandato e da boa avaliação da gestão. O pedetista assumiu o cargo com a saída de José Fogaça (PMDB) para disputar o governo do Estado, em 2010.
“Como toda regra, há algumas exceções”, diz Tadeu César, antes de lembrar o caso de Bento Gonçalves. No município da Serra gaúcha, Roberto Lunelli (PT) buscava um novo mandato, mas acabou sendo derrotado pelo candidato Guilherme Pasin (PMDB) por apenas 383 votos (1,3% do total).
Para o cientista político, o petista cometeu alguns erros que acabaram custando caro na reta final da eleição. “O prefeito foi muito mal nos debates e enfrentou problemas na condução da campanha.”
Na avaliação do especialista, isso mostra que o eleitor tem critérios para votar. “Ele não está simplesmente reconduzindo. Reconduz aqueles que foram bem e pune quem foi mal, ou porque administrou mal ou porque, por algum motivo, fez uma campanha errada.”