Vice de Wambert, Dangui defende ‘gestão para as pessoas’

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Dando sequência às entrevistas com os candidatos a vice-prefeito em Porto Alegre, Marco Dangui (PRP), que integra a chapa de Wambert Di Lorenzo (PSDB), na coligação Porto Alegre Para Todos, sustenta que falta planejamento na gestão da Capital e que as administrações não têm se voltado para os problemas da população. Defendendo uma “gestão para as pessoas”, Dangui afirma que, em um eventual governo, Wambert direcionaria as ações para reais demandas dos porto-alegrenses.
De acordo com o presidente municipal do PRP, a dupla irá se espelhar nos modelos de gestão de tucanos para aplicar conceitos como austeridade e equilíbrio financeiro e, por consequência, ter mais qualidade na gestão. Ele ainda cita soluções para os problemas de mobilidade apontados no programa de governo de Wambert.
Na área, o tucano tem uma das propostas mais polêmicas desta eleição: a extinção da EPTC. Quando questionado sobre segurança, afirma que é preciso cobrar do governo estadual o deslocamento do número necessário de profissionais para a cidade. E defende que o município trabalhe em cooperação com a polícia.
Jornal do Comércio – Qual será sua contribuição para a administração municipal?
Marco Dangui - De uma forma inteligente, vamos atrás das coisas que deram certo. Temos o exemplo do governo de Aécio Neves (PSDB, 2003-2010) em Minas Gerais e da Yeda Crusius (PSDB, 2007-2010) no Estado, que podemos trazer para o planejamento da cidade. O principal instrumento que o prefeito tem na mão são as pessoas. Pretendo trazer para a gestão de Wambert o trabalho em cima do funcionalismo, para valorizá-lo. O funcionalismo faz o jogo do Estado e não do governo. Isto é decisivo e é neste ponto que quero trabalhar.
JC - Defende a austeridade e o equilíbrio financeiro, como isso será aplicado na gestão?
Dangui - É como administrar uma casa. Se gastar mais do que tem, vai inviabilizar a sua vida. A prefeitura, se gastar mais do que tem no orçamento, vai ficar inadimplente, vai perder os financiamentos. Ela perde o maior instrumento de ação que tem, que é o investimento. Então, essa é a austeridade administrativa. Uma das coisas que mais me incomoda nas administrações é a questão do emprego do dinheiro público de forma irresponsável, e isso se reflete muito na mudança de um governo para outro, porque tudo que vinha sendo feito é deixado de lado. Essa descontinuidade joga dinheiro fora. A outra coisa são projetos mal elaborados e planejamento mal feito. Há uma questão importante que são os CCs. Sou totalmente contra. A máquina pública tem que ser tocada pelos funcionários públicos. O CC não tem comprometimento, vira chefe só porque é companheiro
JC - Que outros pontos do programa destaca?
Dangui - O planejamento para o futuro é fundamental. Faremos uma administração local, mas com uma visão do conjunto, da Região Metropolitana, da condição do Estado, do País, do continente e da inserção no mundo. A questão de se governar para as pessoas é uma mudança de conceito, porque o que estamos vendo são os mesmos projetos, uma mesmice. A esquerda trabalha pela sua causa e acha que a sua causa soluciona os problemas mundiais. Isso está provado historicamente que não acontece. Em nenhum lugar do mundo ela deu uma boa solução para as suas administrações. A estrutura de uma sociedade tem que ser montada a partir do Estado, das organizações, das entidades, das empresas e das famílias. O município tem que trabalhar em cima do que a população precisa: educação, saúde, segurança etc.
JC – Quais os projetos para o trânsito?
Dangui - Se levarmos dez ou 15 anos para implantar o metrô, quando ele chegar, essa necessidade já vai ter sido extrapolada. Porto Alegre está crescendo, invadindo os municípios vizinhos e expandindo muito na zona Sul, que é onde tem mais espaço e ainda não se fez nada para antecipar o problema que vai acontecer, problemas de água, luz, esgoto e de transporte que todos os dias as pessoas sofrem. Temos que melhorar o transporte de superfície em Porto Alegre. Tem como fazer isso, e o custo não é tão caro como o metrô. Podemos criar e melhorar as vias de acesso à zona Sul, além de alternativas que não façam convergir para o mesmo eixo todo o trecho. A avenida Tronco é uma boa alternativa, mas não vai solucionar a questão. Se deixar por isso, depois vamos ter todo um problema de como ampliar as vias com o crescimento da cidade. O metrô já está definido, e que seja bem-vindo, que a gente fiscalize bem a aplicação desse dinheiro e que se faça uma boa obra. Mas não vai solucionar o problema da mobilidade, precisamos de alternativas.  A região Central é para onde converge grande parte do trânsito de Porto Alegre, e não é possível que uma pessoa que tem que ir da zona Norte para a zona Sul tenha que passar obrigatoriamente pelo Centro usando dois transportes. Podemos usar vias alternativas, mas a região da rodoviária precisa de viadutos. As grandes avenidas precisam de viadutos e passagens subterrâneas.
JC – Wambert defende a extinção da EPTC.
Dangui - A EPTC é uma empresa que sobrevive da arrecadação de multas. Ela não tem legitimidade para multar, e os azuizinhos não têm autoridade coercitiva. Isso é tarefa do Estado. Temos a melhor Polícia Militar do Brasil, com tradição,  formação sólida, mas a tendência é destruir pela base a Brigada Militar, porque está sendo politizada. Isso é muito sério.
JC - Falta efetivo na Capital.
Dangui - O prefeito tem que cobrar do governo estadual o aumento do efetivo. E há uma grande integração a ser feita, porque o policiamento ostensivo é do Estado, mas a informação quem detém é o município. Não precisa ser araponga para obter informação. Tem alguns candidatos dizendo que vão botar um Guarda Municipal em cada escola, mas, com o custo de montar uma estrutura de segurança e de formar um bom policial, isso não é possível.
JC - Há algum projeto específico para a habitação?
Dangui - O município não tem como colocar casa para todo mundo, mas tem como resolver os problemas dos locais de ocupação irregular. O município tem de ir ao governo estadual e, principalmente, ao federal. Infelizmente, o Brasil está montado dessa forma, e o governo federal detém o grande poder, que é o dinheiro. Então, nessa circunstância, o prefeito tem que ir atrás. A população tem que ser removida dos locais que oferecem pouca condição e estrutura. Para isso, é importante a negociação com o Orçamento Participativo e os movimentos comunitários. Depende da prefeitura fazer a convergência de interesses.

Perfil

Marco Elias Dangui Pinheiro é natural de Guarapuava, no Paraná. Mudou-se para Curitiba ainda cedo para estudar e, posteriormente, para Campinas, onde fez o concurso preparatório para a escola de cadetes. Iniciaria a carreira militar em Resende, no Rio de Janeiro, em 1970, na Academia Militar das Agulhas Negras. Em 1974, migrou para Santana do Livramento, na sua primeira passagem pelo Estado. Como oficial do Exército, fez cursos e especializações em diversas cidades, tendo passagens por diferentes localidades nos estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso e Amazonas e no Distrito Federal. No Rio Grande do Sul, passou por Uruguaiana e Rosário do Sul. Quando passou a oficial da reserva, em 1997, escolheu Porto Alegre para viver. É filiado há seis anos ao PRP, partido do qual é presidente municipal na Capital. É a primeira vez que concorre a um cargo eletivo. Tem 62 anos e, atualmente, é militar reformado. Seus locais preferidos na Capital são o Parque Marinha do Brasil e o Gasômetro, principalmente por conta da orla do Guaíba, onde sonha, no futuro, ser possível banhar-se após suas corridas.