Governo do Rio Grande do Sul quer evitar desgaste da base

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Preocupado com a possibilidade de a disputa eleitoral em Porto Alegre e nos demais municípios gaúchos vir a contaminar o andamento do Executivo e sua relação com a base aliada na Assembleia Legislativa, o governador Tarso Genro (PT) começou ontem uma série de encontros com os partidos que compõem o governo do Estado. O primeiro deles foi o PDT, que possui três secretários no primeiro escalão de Tarso e sete deputados, configurando a segunda maior bancada da base. A reunião-almoço ocorreu ontem, no Palácio Piratini, um dia depois da convenção do PT, que homologou o nome do deputado estadual Adão Villaverde como candidato da legenda à prefeitura da Capital.
De acordo com o presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Júnior, o encontro já estava marcado há algum tempo e serviria para “uma troca de impressões” sobre o funcionamento do governo e sua relação com os partidos, não havendo qualquer relação com algum discurso proferido por lideranças petistas no dia anterior. Como as siglas são adversárias em Porto Alegre e em outros municípios nas eleições deste ano, há um “compromisso geral” para não haver conflitos, explica Bolzan. Tarso se dispôs a ser um mediador, caso os ânimos venham a se exaltar nas campanhas municipais. “O governador se colocou na posição de magistrado e irá mediar qualquer conflito que venha a ocorrer, caso seja demandado”, relatou o dirigente. O líder da bancada pedetista na Assembleia, Gerson Burmann, classificou o encontro como “uma demonstração do governador de que pretende ter um diálogo aberto, valorizando os partidos que compõem a base”. Burmann vê na iniciativa um esforço para evitar agressões entre as legendas que dão sustentação ao Piratini.
No domingo, o chefe do Executivo gaúcho optou por um discurso brando durante a oficialização da candidatura de Villaverde à prefeitura da Capital, destacando o Orçamento Participativo (OP) e o Fórum Social Mundial como marcas da gestão petista, e chegou a dedicar parte de sua fala para criticar o processo de cassação do presidente Paraguaio, Fernando Lugo. Por outro lado, tanto Villaverde quanto o presidente estadual do PT, Raul Pont, não pouparam a gestão do prefeito José Fortunati (PDT).
O candidato petista chegou a dizer que “passaram-se oito anos e o governo de (José) Fogaça (PMDB) e do atual prefeito não melhoraram o que estava bom e pioraram o que disseram que iam fazer”, além de afirmar que “não vai esperar oito anos para abrir canteiros de obras” na Capital, dando a entender que houve retardamento na execução de intervenções na cidade para coincidir com o ano eleitoral. Já Pont, afirmou que “a participação popular se tornou um braço da prefeitura”, que usaria o OP para “iludir” os cidadãos, uma vez que grande parte dos recursos demandados não estaria sendo executada.
De acordo com o deputado estadual e presidente regional do PCdoB, Raul Carrion, Tarso se colocou à disposição dos comunistas - que tem a deputada federal Manuela d’Ávila disputando a prefeitura de Porto Alegre - para conversar em caso de algum incidente. “Faz parte do jogo democrático”, resume Carrion. “Aqui somos adversários, em outros tantos, estamos juntos”, pondera, dizendo que haveria preocupação caso “a máquina pública fosse utilizada nessas disputas”.
Tarso iniciou o governo com 32 parlamentares em sua base - 14 deputados do PT, 7 do PDT, 6 do PTB, 3 do PSB, 1 do PCdoB, e 1 do PRB. Dos partidos aliados, apenas o deputado Marcelo Moraes (PTB) não tem acompanhado o governo nas votações, desde o ano passado. Os outros 31 parlamentares vêm votando a favor dos projetos do Executivo, exceto no aumento de alíquotas da Previdência estadual, quando Juliana Brizola (PDT) e Catarina Paladini (PSB) votaram contra a proposta. Na eleição à prefeitura de Porto Alegre, PRB e PTB apoiam a candidatura de Fortunati, enquanto o PSB está aliado aos comunistas.