Museu pode ganhar espaço para guardar documentos

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O Memorial da Rádio da Legalidade, inaugurado em setembro nos porões do Palácio Piratini, pode ganhar um novo espaço, destinado a documentos sobre a época. A coordenadora de patrimônio histórico do Palácio Piratini, Daliana Mirapalhete, informa que a intenção é articular o funcionamento do memorial com a produção acadêmica sobre o Movimento da Legalidade, criando um espaço para arquivamento de documentos e publicações.
O espaço hoje é dividido em duas salas onde funcionou a cadeia de rádios liderada, em 1961, pelo então governador do Estado, Leonel Brizola, para defender a posse do vice-presidente João Goulart (Jango), após a renúncia do presidente Jânio Quadros.
Na antessala, painéis com a cronologia daqueles dias que levaram à posse de Jango na presidência da República em 7 de setembro de 1961. O local também dispõe de recortes de jornais, fotos e gravações com os discursos proferidos por Brizola pelo rádio para milhares de gaúchos. Na parede, uma réplica da metralhadora usada pelo ex-governador para defender a sede do Executivo. Monitores de televisão passam programas especiais da TVE e da TV Assembleia sobre o tema, produzidos durante as comemorações dos 50 anos da Legalidade. No cômodo seguinte, o estúdio usado por Brizola foi reproduzido, com o microfone original e demais aparelhos iguais aos originais.
Em três meses de funcionamento do memorial na sede do governo gaúcho, cerca de mil pessoas (metade delas estudantes de ensino médio e fundamental) passaram pelo local. O funcionamento é das 9h30min às 11h e das 14h às 17h, mas as visitações precisam ser agendadas com antecedência pelos telefones 3210.4168 e 3210.4170.

Juliana Brizola diz que lei garante uso do local para lembrar o episódio de 1961

A deputada estadual Juliana Brizola (PDT), autora do projeto de lei que cria o Memorial da Legalidade, protocolado em março deste ano e aprovado na terça-feira pela Assembleia Legislativa, acredita que o espaço inaugurado pelo governo estadual em setembro, nos porões do Palácio Pitratini, está de acordo com sua proposta.
"Estive lá na inauguração e gostei muito do que vi. Entendo que possa estar faltando uma área para a disposição de novos documentos. É preciso fazer uma campanha para que a população contribua com material da época", destaca a neta do ex-governador Leonel Brizola, ao revelar que é procurada por muitas pessoas querendo contribuir com objetos referentes ao Movimento da Legalidade.
Juliana afirma que todo o acervo da família sobre o episódio está na Fundação Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro. A deputada explica que, embora o governo do Estado tenha instalado o Memorial da Rádio da Legalidade, com as mesmas características de seu projeto, a nova lei vai garantir que futuramente outra gestão não possa usar o espaço para outra finalidade.