Tarso fará anúncio de pacote de cortes no mês de abril

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Batizado pelo Palácio Piratini de "pacote de sustentabilidade", o programa de cortes e readequações na estrutura administrativa do Estado será anunciado pelo governador Tarso Genro (PT) na primeira quinzena de abril.
O petista evita fornecer detalhes, mas garante que a meta é reduzir ao máximo o déficit de R$ 550 milhões calculado para este ano.
A previsão foi apresentada pelo secretário da Fazenda, Odir Tonollier (PT), em janeiro. Na ocasião, ele revelou que em 2010 o déficit já havia sido de R$ 150 milhões e que, se nada for feito, poderá chegar a R$ 550 milhões até o final de 2011.
Tarso é evasivo ao comentar as medidas que serão adotadas. "Não é um pacote de regeneração financeira. É um pacote que dará sustentabilidade para que o Estado funcione de maneira adequada e previsível", sinaliza.
Em um seminário de governo ontem, o petista reuniu o primeiro escalão para afinar o discurso político e detalhar aos secretários o sistema de monitoramento de projetos. Liderado pelo secretário-geral Estilac Xavier (PT), o modelo é inspirado na experiência pernambucana do governador Eduardo Campos (PSB) e prevê a instalação de uma sala de gestão.
A estrutura propiciará o acompanhamento de todos os projetos considerados estratégicos pelo governo e terá quatro telões, estação de trabalho com 12 monitores e cerca de 30 assessores. A sala funcionará ao lado do gabinete de Estilac, no Palácio Piratini, e terá conexão direta com o escritório do governador.
No âmbito político, o encontro, que durou toda a manhã, funcionou para que Tarso desse recados ao primeiro escalão. O governador também comemorou algumas vitórias obtidas nos primeiros três meses de governo, como a permanência do presidente do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Cláudio Pereira (PT), no cargo.
"Vencemos essa parada. O Irga não é mais uma corporação a serviço de meia dúzia de arrozeiros", celebrou, lembrando do embate político e judicial que travou ainda em janeiro contra o ex-presidente e os três ex-diretores escolhidos pela ex-governadora Yeda Crusius (PSDB).
Além disso, Tarso reafirmou a importância do bom relacionamento entre os integrantes da administração estadual. "Somos um governo de coalizão partidária. Faremos todas as concessões necessárias para manter a maioria estável (de 32 deputados) na Assembleia Legislativa", prometeu.
Ele aproveitou a ocasião para elogiar a atuação da base aliada - formada por PT, PSB, PCdoB, PDT, PTB, PRB, PR, PPL. E destacou a importância de as distintas forças políticas permanecerem coesas. "Temos que sair unificados dessa reunião e saber processar internamente nossas divergências", reforçou.
O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque (PSB), salientou que não pode haver feudos no governo. "Não cabe a partidos deterem órgãos do governo", apontou. Em entrevista publicada na edição de ontem do Jornal do Comércio, o socialista criticou a relação com o PT que, segundo ele, não teria aberto espaços para outros partidos nas estruturas que administra. O secretário do Planejamento e Participação Cidadã, João Motta (PT), lembrou que todos os aliados são tratados da mesma forma. "O PT não tem privilégios nas suas demandas só porque é do mesmo partido do governador", garantiu.

Governo projeta uma série de mudanças no Daer

Diante da possibilidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ser instalada na Assembleia Legislativa para apurar irregularidades no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), o Palácio Piratini prepara uma série de mudanças administrativas no órgão.
A investigação proposta pelo deputado estadual Diógenes Baségio (PDT) seria sobre as licitações para a compra de pardais eletrônicos, que estariam sob suspeita de terem sido direcionadas. Oficialmente, o governo diz que não tem nada contra a CPI e sustenta que os fatos apurados dizem respeito somente aos governos anteriores.
Porém, a bancada petista no Parlamento gaúcho já articula com Baségio ajustes no requerimento para instalação da comissão. A intenção é abranger um maior período de tempo na investigação, alcançando as gestões passadas.
"Vamos começar rapidamente a tomar medidas para reorganizar o Daer. Precisamos melhorar sua estrutura institucional para que o órgão tenha mais efetividade e dê respostas adequadas à realidade do Estado", disse ontem o governador Tarso Genro (PT).
Para o petista, a estrutura atual da autarquia é "propícia a erros, a indefinições e a graves questões de natureza técnica que, às vezes, podem redundar em delitos".
Na semana passada, o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque (PSB), anunciou a instalação do ponto eletrônico no Daer. E vem enfrentando resistências do corpo funcional. O socialista também determinou que o centro de controle da estatal, que ficava em Esteio, passasse a funcionar junto ao prédio central, em Porto Alegre.

Maia defende manutenção da aliança estadual em 2012

O presidente da Câmara dos Deputados, o gaúcho Marco Maia (PT), esteve ontem em Porto Alegre para participar de um seminário de gestão do governo estadual. Em seguida, em entrevista ao Jornal do Comércio, defendeu que seja mantida a coalizão formada pelo governador Tarso Genro (PT) na disputa pela prefeitura de Porto Alegre, em 2012.
"O importante é manter a conformação desse grupo político que faz a sustentação do governo do Estado", defendeu. Entretanto, três partidos da coalizão (PDT, PT e PCdoB) sinalizam a possibilidade de lançarem candidatos ao Executivo da Capital.
O atual prefeito José Fortunati (PDT) já confirmou que concorrerá à reeleição. A deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) foi lançada como pré-candidata por seu partido. E, no PT, o presidente do diretório de Porto Alegre, vereador Adeli Sell, lançou sua pré-candidatura. Entretanto, o partido ainda não decidiu se bancará uma candidatura ou se poderá abrir mão da cabeça de chapa em favor de Manuela ou de Fortunati.
"O PT precisa estar disposto a discutir com todos os partidos e criar um processo que leve à escolha do candidato que melhor representar o grupo, na perspectiva de uma vitória em Porto Alegre", sustentou o presidente da Câmara.