Tarso reitera o tom conciliador adotado durante campanha

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Na primeira semana como governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) confirma o tom conciliador que adotou durante a campanha eleitoral para o Palácio Piratini e que deve pautar seu governo. O estilo centrista do ex-ministro contraria, por vezes, movimentos do próprio Partido dos Trabalhadores.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira na Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), Tarso garantiu que não vai interpelar a governadora Yeda Crusius (PSDB) sobre os projetos de Parceria Público-Privada (PPP) que estão em andamento na atual administração.
Para ele, isso representaria uma intromissão na autoridade da tucana. "Seria descortês da minha parte pedir a ela que não tome uma decisão de governo que está vinculada ao seu programa", justificou, referindo-se às obras do Cais do Porto, Complexo Prisional de Canoas e ERS-010.
Na quarta-feira, um dia antes da declaração, o presidente do PT gaúcho, deputado estadual Raul Pont (PT), havia informado justamente o contrário: o petista disse ao Jornal do Comércio que o futuro chefe do Executivo iria solicitar que Yeda paralisasse as PPPs a fim de que pudesse estudá-las com mais tempo.
"Que fique em suspenso até a posse. São obras que envolvem grande quantidade de dinheiro público e de patrimônio. Não se pode deixar o orçamento comprometido pelos próximos 20 anos", incitou.
Nesta quinta-feira, o parlamentar retomou o assunto na tribuna da Assembleia Legislativa, criticando as PPPs. A divergência nos pontos de vista demonstra que Tarso busca seguir o modelo de governo do presidente Lula (PT) não só nas linhas programáticas, mas também na parte política, evitando rupturas com adversários na transição e buscando uma coalizão que vai além das siglas tradicionalmente aceitas pelos petistas.
No encontro estadual do PT, antes da eleição, ficou definido que o leque de alianças deveria englobar legendas que fizessem parte do governo Lula e não estivessem na base de apoio da gestão Yeda. Nesta linha, o limite estaria no PDT.
Mesmo assim, contrariando a tese do PT gaúcho, Tarso sempre reiterou que buscaria, pelo menos, quadros do PTB e do PP, partidos aliados da governadora.
O discurso do ex-ministro se confirmou logo após a divulgação do resultado das urnas, no domingo à noite, quando ele anunciou que tentaria compor sua base com petebistas e progressistas, além do PDT.
Através de sua coligação, Tarso já conta com 18 cadeiras no Parlamento gaúcho (14 do PT, 3 do PSB e 1 PCdoB). Busca mais 19 deputados (7 do PP, 6 do PTB e 6 do PDT), o que lhe garantiria ampla maioria no Legislativo.