Dilma rebate declarações de Serra e defende o BC
A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, rebateu ontem, no Rio de Janeiro, críticas do tucano José Serra à condução da política econômica pelo Banco Central.
"Defendo a autonomia operacional do Banco Central. Acho que relações institucionais têm que se pautar pela maior tranquilidade possível, pela serenidade. Sempre tivemos uma relação muito tranquila com o Banco Central, de muito pouca turbulência, de muito pouca confusão", declarou ela em seminário promovido pelos jornais Valor Econômico e Financial Times, no Copacabana Palace, na zona Sul do Rio.
Serra afirmou que o Brasil continua com a maior taxa de juros do mundo e destacou que o Banco Central não é a Santa Sé, ao comentar sobre a autonomia do BC.
O tucano defendeu a autonomia do BC, mas afirmou que se houver "erros calamitosos", o presidente deve interferir e opinar. "O presidente tem que fazer sentir sua posição."
"O Banco Central não é a Santa Sé. Não sou contra incentivos tributários, mas é preciso um mecanismo que não puna os municípios", disse ele em entrevista à rádio CBN.
Dilma evitou conjecturar sobre se o BC perdeu chances de baixar os juros quando os preços internos estavam em queda após a crise econômica internacional no final de 2009, como criticou Serra.
"É uma coisa muito complicada a gente raciocinar no ‘se'. O Banco Central tem um registro de cuidado e cautela. Ele teve isso durante a crise. Não vou deixar de reconhecer aqui a quantidade de acertos, de muitos acertos, que o Banco Central teve no enfrentamento da crise. A forma como ele se comportou com o compulsório, a forma como o Banco Central liberou crédito. É muito relativa essa discussão do ‘se fizesse isso, se fizesse aquilo'. O fato é que ele acertou. Acertou na política monetária, no enfrentamento da crise e ninguém pode deixar de reconhecer o papel importante que ele teve quando do financiamento de nossos exportadores quando o mercado internacional de crédito teve aquele imenso choque."
Segundo Dilma, junto com o pessoal do Ministério da Fazenda, do ministro Guido Mantega, que fez toda a política tributária de financiamento, o governo demonstrou uma agilidade, uma competência e uma precisão muito grandes ao enfrentar a crise.
A ministra evitou dizer se há chance de manutenção do presidente do BC, Henrique Meirelles, caso vença as eleições de outubro.
"Não farei nenhuma declaração, nem só sobre o Banco Central nem sobre ministério nenhum. Não é adequado. É como se você fosse botar a carroça na frente dos bois. O Brasil tem uma história passada de que isso não dá sorte."
Marina prega independência não institucional do órgão
A candidata do PV à presidência da República, Marina Silva, defendeu ontem a manutenção da política macroeconômica e a independência não institucional do Banco Central, que, segundo ela, mostraram-se acertadas em tempos de crise. "Os instrumentos de política econômica contribuíram para que o País sobrevivesse à crise", afirmou.
A senadora considerou que o País tem se saído melhor no atual cenário de turbulência econômico-financeira do que seus pares na Europa. "Estamos vendo que a crise na União Europeia, sobretudo por conta da Grécia, Portugal e Espanha, não está afastada", afirmou.
A candidata avaliou como positiva a autonomia não institucional do BC. "A experiência brasileira mostra que o caminho da autonomia não institucional é positiva. Até para evitar o que aconteceu recentemente na Argentina", comparou. Marina se referiu à renúncia, no dia 29 de janeiro, do economista Martín Redrado ao cargo de presidente do BC da Argentina. Redrado havia sido destituído do cargo no dia 7 de janeiro, depois de ter desobedecido ao decreto da presidente Cristina Kirchner que criou fundo destinado ao pagamento dos vencimentos da dívida pública em 2010.
Marina também defendeu a manutenção da meta de superávit primário, câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e controle da inflação, pilares macroeconômicos que foram seguidos pelos dois últimos governos. "A autonomia do BC e as metas de controle de inflação são o que nos fizeram sobreviver. A inflação não é boa para ninguém, principalmente para os mais pobres. Essas ferramentas precisam ser mantidas", ressaltou. As declarações de Marina foram dadas em São Paulo, durante evento sobre segurança pública promovido pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), entidade que preside.
Henrique Meirelles evita discussão com tucano
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não quis responder às críticas feitas ontem pelo pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra. "O BC não participa de debate eleitoral, isso compete aos candidatos", afirmou Meirelles, em entrevista à imprensa brasileira, após participar da reunião bimensal do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), em Basileia, na Suíça.
"Faz parte do trabalho da oposição criticar o governo, é normal", disse Meirelles, evitando entrar em polêmica. O presidente do BC avalia que "o momento é de cuidar da economia, não de fazer debate eleitoral".
Petista diz que ‘Brasil estava de joelhos' no governo de FHC
Reunida em almoço com prefeitos e políticos do estado do Rio, a pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, criticou com dureza os governos do PSDB, que antecederam a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segunda ela, sob a administração do presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), "o Brasil estava de joelhos diante dos credores internacionais".
"Nós pagamos a dívida com o Fundo Monetário Internacional e hoje o Brasil é credor. No governo anterior o Brasil estava de joelhos, porque precisava pedir licença ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para aumentar salário-mínimo. Hoje nós aumentamos porque queremos", discursou ela, em meio a aplausos e gritos de aprovação.