FAB nega entrega de relatório ao ministério

Por

O Centro de Comunicação Social do Comando da Aeronáutica divulgou ontem nota à imprensa na qual confirma que o relatório final de análise técnica das aeronaves concorrentes para renovação da frota da Força Aérea Brasileira (FAB) foi concluído, mas destaca que, "até o presente momento", o documento não foi encaminhado ao Ministério da Defesa.

De acordo com matéria publicada pela Folha de S.Paulo, o relatório técnico sobre os caças não só teria sido concluído como entregue ao Ministério da Defesa e o caça francês Rafale teria ficado em último lugar na avaliação da FAB. A nota do Comando da Aeronáutica, no entanto, não cita o teor do relatório.

Já a informação de que a FAB classificou o avião supersônico Rafale, fabricado pela Dassault, em terceiro e último lugar em seu parecer técnico sobre a licitação FX-2 repercutiu na imprensa francesa, mas não quebrou o silêncio do Palácio do Eliseu sobre o tema, que dura mais de 50 dias. A estratégia de trabalhar nos bastidores, entretanto, seguiria em curso. Na edição desta quarta-feira do jornal Libération, será revelado que a companhia estaria reduzindo o preço de seus jatos em 40% para tentar conquistar o contrato de fornecimento de 36 aviões ao Brasil.

Ontem, a Agência Estado contatou o almirante Edouard Guillaud, conselheiro militar do Palácio do Eliseu e porta-voz do tema no governo francês, em busca de uma reação sobre relatório da FAB, revelado pela revista Veja e pelo jornal "Folha de S.Paulo". Por meio de uma assessora, Guillaud disse que não se manifestaria, sem apontar o motivo do silêncio. À agência Reuters, uma fonte consultada informou que não comentaria as reportagens da imprensa brasileira por se tratarem "de rumores".

Desde 14 de novembro, quando da última visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Paris, em encontro com Nicolas Sarkozy, a presidência francesa não se manifesta sobre as chances do jato na concorrência. Na oportunidade, Lula cometeu um ato falho que, mais uma vez, reforçou sua preferência pelos franceses. "Além de sermos amigos, nós precisamos ter um pensamento estratégico para os próximos 50, 100 anos", ressaltou o presidente, enumerando os projetos da Parceria Estratégica Brasil-França: "Começamos a estabelecer, nessa ideia da estratégia entre França e Brasil, os acordos do submarino, os acordos dos helicópteros, os acordos dos aviões de caça".

O silêncio também foi a resposta de executivos da Dassault procurados na sede da empresa em Saint-Cloud, na França, e na filial em Brasília. Em nenhum dos casos os contatos foram respondidos.

Enquanto a Dassault se calou, a favorita da FAB, a Gripen, manteve o perfil discreto. Anne Lewis-Olsson, diretora de Comunicação da Saab Brasil, foi prudente: "Se a informação for verdadeira, será uma notícia muito importante para a Saab. Mas não recebemos nenhum tipo de comunicado oficial da FAB ou de qualquer fonte oficial do governo brasileiro".