Mulheres na gestão de negócios

Há um caminho até a conquista da equidade de gênero, e essa não é uma construção exclusiva da indústria

Por JC

Martina Paulus, CEO Messer Brasil
Martina Paulus
Apresentar índices positivos de vendas e de empregos aparece quase sempre como desafio nas indústrias. E o desempenho é medido por meio de pesquisas e indicadores. São recursos fundamentais para orientar tomadas de decisões e, cada vez mais, necessários na gestão de negócios em um mundo onde dados são valiosos. Mas, além destes, outros aspectos merecem reflexão e ações rotineiras, como a representação feminina no trabalho, nas mais diferentes funções e atividades. São, muitas vezes, temas que ganham visibilidade em determinados momentos, mas que não fazem parte da cultura organizacional.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, com base em dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), um quarto da força de trabalho no setor industrial é de mulheres. E elas passaram da proporção de 24% (em 2008) para 31,8% (em 2021) na ocupação de cargos de gestão no setor, um crescimento superior a outros setores da economia. Para que possamos comparar, na população brasileira as mulheres constituem a maioria (51,1% do total), segundo o IBGE. Ou seja, existe espaço a ser ocupado.
Pesquisa realizada neste ano e divulgada pela CNI mostra mais sobre essa realidade. De acordo com o levantamento, que ouviu cerca de mil empresas de diferentes portes no Brasil (28% na região Sul), seis a cada 10 empresas mantêm programas voltados à igualdade de gênero. Algumas empresas se empenham em proporcionar a melhor experiência possível às mulheres que retornam da licença-maternidade, enquanto outras buscam criar canais para ouvi-las.
Há, portanto, um caminho a ser percorrido até a conquista da equidade de gênero, e essa não é uma construção exclusiva da indústria. Em áreas como tecnologia e inovação as mulheres também constituem minoria em vagas de trabalho e em cargos de liderança, mas têm surgido iniciativas por mais mulheres nesse campo, nas ciências exatas e nas engenharias.
O Sebrae elencou, recentemente, diferenciais de profissionais mulheres que as empresas deveriam ter, e o primeiro na lista é a capacidade de se relacionar. Estão também presentes adaptabilidade e resiliência, habilidades comportamentais cada vez mais observadas. São pontos importantes quando se fala em liderança e fundamentais ao desenvolvimento de um negócio.
Precisamos olhar para frente e projetar o futuro com mais mulheres nas indústrias e na gestão de empresas.
CEO da Messer Brasil