Pra chamar de lar é preciso mais do que quatro paredes e um teto

Por JC

Marcos Moraes

Focadas cada vez mais em experiências, vivendo por mais tempo a solteirice, as gerações Y e Z têm buscado uma forma de viver com equilíbrio nos quesitos financeiro e ambiental, sem deixar de lado a qualidade de vida. Pensar e projetar espaços que atendam a essas necessidades não é modismo, pelo contrário, é questão de sobrevivência para construtoras e incorporadoras. Dentre tantas outras coisas em comum, eles querem viver mais do que ter. O acúmulo de patrimônio não está mais entre as prioridades.

O acesso facilitado e abundante à informação transformou o cliente em protagonista nos processos de compra. Atendimento de qualidade, diversidade, inovação, autenticidade. As expectativas e exigências não vão diminuir. Uma empresa longeva passa, obrigatoriamente, pela capacidade de aprender com as diferentes mentes e se adaptar às mudanças.

Condomínios com infraestrutura além do habitual se destacam - com vagas para todas as unidades, salões de festa, lavanderia comunitária, academia completa, minimercado, pet place e iniciativas sustentáveis - e são mais do que um sonho do futuro, mas uma realidade palpável. Não obstante, a divisão dos espaços de trabalho entre diferentes profissionais e empresas nos chamados coworkings e o maior investimento em viagens do que em bens materiais também fazem parte desse cenário. Quando se trata de morar, os jovens buscam apartamentos menores e em regiões mais centrais e com transporte facilitado.

A população porto-alegrense, de acordo com o IBGE, tem em sua maioria pessoas entre 25 e 34 anos. No último ano, a venda de studios em prédios residenciais aumentou 136% na Capital. O dado do Sinduscon-RS nos aponta um caminho: proprietários e investidores estão em busca de espaços mais compactos. Mas, por quê? Compartilhar. Não prestar atenção em tal tendência no setor da construção civil seria um erro, afinal, os jovens trabalhadores são potenciais consumidores. No entanto, não bastam quatro paredes e um teto. Para chamar de lar, as novas gerações esperam mais do que isso. Elas querem um lugar confortável e seguro para voltar no fim do dia, sem comprometer sua renda e, também, seu tempo.
Economista e diretor comercial da Rio Novo Incorporações