Semelhanças que nos aproximam da Argentina

Maurênio Stortti

Em um momento em que muito se discutem as diferenças, pontos fortes e fracos na relação entre Brasil e Argentina, é importante fazermos uma análise regional de nossas semelhanças e ganhos recíprocos que a regionalização pode proporcionar com o país vizinho.

A Argentina é uma grande produtora de maçã na região de Rio Negro, assim como o Rio Grande do Sul se destaca nessa área por meio do nosso polo localizado em Vacaria. Produz trigo e pode ser considerada como uma das maiores produtoras de soja através do pampa argentino, assim como o RS ocupa esse espaço na região do Planalto, Passo Fundo e Santa Rosa, por exemplo.

Bariloche respira turismo por causa da estação mais fria do ano, onde a neve e o chocolate são as estrelas. Aqui, temos Gramado e Canela que ocupam esse posto para além do inverno. No RS, temos um turismo de montanha em Cambará do Sul e São Francisco de Paula. Na Argentina, também é forte na região de Salta, Jujuy e até mesmo na Patagônia.

Mendoza e Salta, em especial, se caracterizam pela produção de vinhos tintos e brancos, com destaque para o Malbec e o Torrontes. Já a Serra gaúcha - Bento Gonçalves, Farroupilha, Caxias do Sul e Flores da Cunha - tem a predominância de espumantes e vinhos brancos e a campanha - de Candiota e Sant'Ana do Livramento - caracteriza-se pelo Tanah e Merlot, entre outros.

A gastronomia argentina está baseada na carne, em especial a bovina e de cordeiro produzidas no pampa argentino e no país como um todo. Já o gaúcho vem incorporando cada vez mais os hábitos da parrilla portenha ao seu cardápio. O país vizinho tem uma pecuária rica e um simbolismo com o cavalo, bem como o Rio Grande do Sul também tem em relação à raça crioula. Buenos Aires tem a feira a Rural como expoente e vitrine do campo. Nós temos a Expointer como palco.

Por fim, como não falar de uma paixão que move milhões? O futebol, que assim como no RS coloca em lados distintos Inter e Grêmio, lá tem River Plate e Boca Juniors como principais adversários.

Então, o grande questionamento que fica com todos esses pontos que nos aproximam é: já não está na hora de construirmos ações conjuntas em prol do desenvolvimento de ambos? Com tantos atrativos, poderíamos seguramente trabalhar nossos produtos turísticos para vender a europeus e americanos, que, além desta riqueza de ativos turísticos, também contam com a questão cambial historicamente favorável. É uma boa questão a ser considerada.