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China x Taiwan e você
Países vizinhos vão tentar se proteger de uma escalada expansionista do histórico rival
Adriano Cássio Dallegrave
A recente escalada de tensão entre China e Taiwan acontece a uma distância grande do Brasil, mas não pense que uma guerra entre eles não afetará você. Taiwan desponta desde os anos 1990 como um celeiro tecnológico, se destaca como grande produtor de (Chips) semicondutores, componentes presentes na grande maioria dos dispositivos que utilizamos no dia a dia. Imaginar uma invasão militar na ilha de Taiwan faz com que num cenário mais ameno a produção, transporte e logística destes componentes seriam prejudicados. A cadeia produtiva de televisores, smartphones, veículos, praticamente tudo, seria afetada por uma simples tomada do território de Taiwan. Imaginando um cenário mais grave de conflito com cortes de energia, ataques aéreos e toques de recolher, teríamos o mesmo tipo de consequência para o mundo: o desabastecimento de componentes essenciais a uma imensa diversidade de produtos. Desta vez, a retomada da atividade produtiva seria mais lenta e poderia ocorrer o fechamento de vagas aqui no Brasil (com empresas paralisadas por falta de componentes).
Países vizinhos vão tentar se proteger de uma escalada expansionista do seu histórico rival asiático, Japão e Coréia do Sul teriam que alterar suas rotinas de defesa de forma a dificultar qualquer ambição chinesa de expansão sobre seus territórios. Essa corrida por defesa traria consequências econômicas como aumento da demanda por determinados produtos como minério, petróleo e commodities em geral. A economia brasileira seria afetada com altas de preços e pressões inflacionárias, semelhantes às que sofremos com a guerra entre Rússia e Ucrânia, porém nossas exportações à China poderiam ser impactadas e taxadas por sanções internacionais, em mais destaque, as americanas.
O Brasil tem hoje um forte vínculo comercial com a China, porém, também é historicamente um grande aliado diplomático dos Estados Unidos e ficar no meio destes gigantes sem desapontar nenhum dos dois é um grande desafio. Para o Brasil cabe manter sua postura conservadora nas relações diplomáticas, estruturar suas relações exteriores com intenção de proteger sua economia e seu povo dos efeitos deste iminente conflito. Para o empresariado brasileiro cabe vislumbrar o horizonte e se proteger destas interferências externas, seja via contratual ou pela diversificação de fornecedores.
Advogado empresarial