A incógnita de um impeachment

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Um dos noticiários da mídia falada e escrita recai sobre a possibilidade de um impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). É praticamente o assunto do dia, que empolga e desilude. Sabe-se, ou deveriam saber, que um impeachment significa a impugnação de um mandato, um processo jurídico, alicerçado em leis e obediente à Constituição, e que, sendo provada a culpa, leva-o ao afastamento ou à responsabilidade criminal do detentor do cargo, e lavra seu destino. A melindrosa questão, como ocorreu em todos os processos semelhantes, com Getulio Vargas, Fernando Collor e, agora, Dilma, para não citar outros, em escala subalterna, nas câmaras legislativas, deixa a apreensão, a expectativa e a incerteza entre o cidadão pensante, do Oiapoque ao Chuí.
Embora os tempos estejam mudados, a natureza e a causa giram em torno da desonestidade, do peculato e da ambição de partidos políticos, sôfregos e aspirantes ao cargo a vagar.
O fato em si não deixa de ser desalentador e melancólico, porque congela as esperanças de um povo e abre os alicerces do porvir de uma nação, pendente que está das lideranças políticas corruptas ineficazes e desonestas. A ameaça de um impeachment no momento atual pede, acima de tudo, um parecer psicopatológico, porque ele guarda, no seu bojo, incertezas, dúvidas e indecisões, de ordem jurídica, moral e ética, e fala ainda da perturbação emocional de seus ocupantes.
Uma decisão de um chefe de governo é sempre complexa e, às vezes, impossível, porque há governantes que nem sempre os rechaçam e, muitas vezes, vão ao encontro de intentos ocultos de preferirem ser apeados do cargo, por determinação alheia, que por decisão pessoal?. É que, no primeiro caso, quem renuncia leva a pecha de incapaz e inábil, contrariamente, diante de um impeachment, ele sai como vítima injustiçada.
Jornalista e psicanalista