Transgêneros e transgênicos

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Políticos de diferentes partidos travam acalorados debates para incluir o estudo de gênero e sexualidade nas escolas. Militantes LGBTs querem que conste no currículo do ensino básico o estudo de gênero.
Confesso que ainda não entendi bem essa ideologia de gênero. Sei que surgiu na década de 1970 em movimentos acadêmicos feministas. Sempre fui feminista, sempre defendi direitos iguais entre homens e mulheres, sempre lutei por uma sociedade igualitária, tudo sem deixar de ser feminina. Trabalhei muitos anos em Serviços de Orientação Educacional (SOEs) em que ouvia confidências de homossexuais, sem jamais tratá-los de maneira preconceituosa ou sugerindo mudanças comportamentais ou de vida. Preconceitos sempre existiram. Eu formava grupos de cinco alunos, em que um ou dois fossem homossexuais, afrodescendentes, deficientes físicos e ouvia e fazia ouvir suas mágoas profundas, suas dores silenciosas e os não discriminados analisavam a origem dos próprios preconceitos, expunham seus sentimentos, sempre questionados por quê? Por quê? Invariavelmente os encontros terminavam em abraços, ajuda mútua e fim das discriminações. A legislação pátria garante direitos iguais aos relacionamentos hetero e homoafetivos. As novelas são tribunas em defesa de grupos LGBTs. Enfim, vejo avanço contra o preconceito e não creio que bases curriculares sejam antídoto contra homofobia.
Mas, num catastrófico pensamento futurista temo que os alimentos transgênicos, geneticamente modificados, formem uma sociedade assexuada. A quantidade de hormônios masculinos e femininos que desde criança o povo consome pode vir a fazer espécies iguais, com características e propriedades comuns sem opostos, sem sexos definidos, então veremos o domínio do gênero sobre o sexo.
Advogada e professora de psicologia