Por que sempre o muro?

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Artigo recentemente publicado mais parece prestar-se às surradas orquestrações, de tempos em tempos despertadas. O Muro da Mauá, tratado equivocadamente no texto, como "eterno e horrendo", na verdade é, e precisa ser, eterno, como eterna é a possibilidade de uma enchente. Mas não tão horrendo, como seria o catastrófico efeito de cheias comparáveis àquela de 1941. No já distante ano de 1963, havia no D?NOS uma maquete, que permitia antever um estrago muito grande, caso uma enchente igualasse a cota de 1941, pois atingiria uma população como a de Pelotas, então a segunda no Estado. E, vale lembrar que, sempre, a maior chuva ainda está por vir.
Também há algum tempo, e atropelado como investimentos para a Copa de 2014, uma orquestração fez nossa gente engulir o aeromóvel, para ligar o Trensurb ao aeroporto. Que tal alternativa é contraindicada, pode-se deduzir de recente entrevista, ao Jornal do Comércio, do conhecido expert, ex-ministro dos Transportes Cloraldino Severo. Diga-se de passagem que o aeromóvel esteve em demonstração na Feira de Hanover em 1980 e l981, não se tendo notícia de interesse da parte de países de razoável importância, ao longo dos 35 anos que se passaram.
Os aluviões de 1956 destruíram para sempre, na majestosa Florença, importantes obras de renomados renascentistas, há séculos abrigadas na célebre Galeria Uffizi. A canalização do rio Arno, que contou até com o talento de Leonardo da Vinci, não foi suficiente, por não dispor de um muro como o da Mauá. O artigo que, em seu pesado título, carimba a capital gaúcha como cemitério do urbanismo pode ter, e tem, méritos, por provocar enfoques perenemente suscetíveis de debates e, principalmente, de críticas. Por outro lado, é pouco feliz, ao eleger exemplos que estão mais para pirotécnicos, como rodas-gigantes versus catedrais, e taxando de lápide simbólica, nosso protetor e bem comportado muro.
Engenheiro civil