Datas históricas pouco festejadas em um Brasil esquecido

Por

O mês de novembro é fértil em datas históricas para o Brasil. Começamos pelo dia 15, Proclamação da República, chegamos ao dia 19, dedicado à Bandeira Nacional, e assinalamos, dia 20, o Dia da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares. A instauração do regime republicano no Brasil teve como antecedentes as várias crises institucionais que o reinado de Dom Pedro II sofreu ao longo das décadas de 1870 e 1880. A estrutura do poder imperial, que possuía um caráter centralizador, não permitia que as províncias tivessem autonomia. Havia grupo dos civis defensores do republicanismo e do abolicionismo, notável em suas ferrenhas críticas à estrutura do poder imperial. Os jornalistas Quintino Bocaiuva e Silva Jardim destacaram-se nesse processo. Bocaiuva, ao lado de outro jornalista, Aristides Lobo, foi um dos responsáveis pela união dos interesses que almejavam o fim do reinado de Pedro II, tanto de militares e fazendeiros quanto de republicanos. Em meados de 1889, após o Parlamento ter rejeitado as propostas reformistas de Pedro II, Bocaiuva e Aristides Lobo começaram suas articulações e, em novembro, associaram-se ao marechal Deodoro da Fonseca, preparando o golpe que foi dado no dia 15.
Quanto à Bandeira Nacional, ela foi adotada pelo decreto nº 4, de 19 de novembro de 1889, quatro dias após a Proclamação da República. Foi criação de Raimundo Teixeira Mendes, de orientação positivista, de Miguel Lemos, diretor do Apostolado Positivista do Brasil, de Manuel Pereira Reis, um astrônomo, e do pintor Décio Vilares. As atuais 27 estrelas brancas representam os estados e o Distrito Federal. A frase Ordem e Progresso é influência de Augusto Comte, filósofo francês fundador do positivismo.
Finalmente, em 20 de novembro comemora-se o Dia da Consciência Negra. Nessa data, em 1695, morreu o Zumbi dos Palmares. Ele foi a liderança do chamado Quilombo dos Palmares, que se localizava na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. A data foi estabelecida pela Lei 12.519/2011, apesar da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, em 13 de maio de 1888. Palmares foi destruído sob o comando do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Uma das maiores riquezas do Brasil decorreu da miscigenação entre o branco europeu, o negro africano e o índio. No entanto, o fim da escravidão deixou milhares de negros analfabetos que apenas sabiam trabalhar nas terras dos seus senhores. Assim, muitos continuaram com eles, em troca de um lugar para dormir e alimentação. Criou-se um círculo vicioso, pois sem qualquer estudo não conseguiam colocação e foram sendo marginalizados ao natural. Porém, a influência negra no Brasil é formidável, na gastronomia, na religião, na música e na literatura, além de uma tolerância interracial que faz a inveja de outros povos, às voltas, como agora, em guerras étnicas e religiosas sem fim.
Porém, os negros recém conseguiram o sistema de cotas no País, uma ideia para criar um atalho para a inclusão deles na sociedade mais rapidamente e permitir a sua ascensão. Por isso, hoje é mais comum se ver negros e pardos em novelas, publicidade e mesmo ocupando cargos importantes em empresas e órgãos públicos. Uma pena é que as três datas foram pouco assinaladas, ao contrário de décadas anteriores.