Petrobras tem que extrair vergonha além do pré-sal

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Sem inteligência, trabalho, virtudes familiares e civis não se alcança a riqueza. Ou, então, a perde-se em pouco tempo. Os brasileiros continuam estupefatos com os descalabros descobertos na estatal-símbolo do País, a Petrobras. A empresa e as empreiteiras não são corruptas, mas está provado que havia pessoas corruptas trabalhando em conluio em ambas. O caso Petrobras pode mudar o Brasil para sempre, afirmou a presidente Dilma Rousseff (PT), após os relatos selvagens de desvios de dinheiro na estatal, verbas que a empresa quer recuperar e ter mais prevenção contra eventuais corrupções.
É tudo o que os brasileiros desejam, cansados de trabalhar, pagar altos impostos e ficarem, ano após ano esperando, por gerações até que setores da vida pública sejam limpos de escroques, vigaristas, sonegadores e dilapidadores do dinheiro oficial. Depois do desdém com o que era divulgado, quando haveria um ideológico “partido da imprensa golpista”, eis que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), e a presidente Dilma Rousseff não só chancelaram as investigações publicamente como coube à presidente sentenciar a frase que todos esperavam sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato da Polícia Federal, investigando o desvio de recursos da Petrobras. E isso que os governos têm a Controladoria-Geral, o Tribunal de Contas da União e dos Estados, a Procuradoria-Geral da República e uma gama de vetustos órgãos de fiscalização.
Entretanto, para voltar a ter orgulho dela mesma, tirar a tristeza da cabeça, e que os brasileiros também renovem a sua admiração, a petrolífera terá que extrair grandes volumes de vergonha para muito além da camada do pré-sal.
A presidente afirmou considerar que a operação Lava Jato “pode mudar o Brasil para sempre. Em que sentido? No sentido que vai se acabar com a impunidade”. Agora, que não fiquem as autoridades nas palavras que estamos cansados de ouvir, como “apuração rigorosa” e “punição exemplar” e, meses ou anos após, nada de concreto ocorre. A sétima fase da operação Lava Jato levou à prisão de quatro presidentes de grandes empreiteiras, 15 executivos e um ex-diretor de serviços da estatal. Evidentemente que a Petrobras e o Brasil não são únicos em casos de corrupção e não serão os últimos, pois, insistimos, a cobiça pela riqueza e pelo poder a qualquer preço é um mal que acompanha a humanidade desde que ela existe. No entanto, o que nos interessa é, se não erradicar, pelo menos diminuir em muito os desvios sistemáticos do dinheiro público. Por isso, as reformas preconizadas, começando pela política, devem ser realizadas.
Sabemos que a maioria absoluta dos membros da Petrobras, dos funcionários, não é corrupta. Agora, existem pessoas que praticaram atos desabonatórios grotescos na empresa. Então, não se pode pegar a Petrobras e condenar a estatal, o que nós temos que condenar são pessoas, e pessoas dos dois lados, os corruptos e os corruptores. Também concordamos que não é possível fazer generalizações sobre o envolvimento de empreiteiras no escândalo, demonizando os empresários do País. “São grandes empresas e se A, B, C ou D praticaram atos de corrupção, eu acho que eles pagarão por isso”, afirmou a presidente Dilma Rousseff. É por aí.