Horário político serve para avaliar propostas

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A nossa vida é quase toda um sonho, e sonhamos mais vezes acordados do que dormindo. Alguns criticaram as homenagens que Eduardo Campos (PSB), candidato a presidente da República, recebeu pela sua prematura morte. Justo quando o Brasil precisa de novas lideranças e jovens, que sempre será deles o futuro. Calcula-se em 130 mil as pessoas que prestaram homenagens a Eduardo Campos. Não importava mais saber se venceria ou não o pleito de outubro: afinal, o futuro a Deus pertence. Entretanto, assim como nascia para o Brasil uma estrela política vinda de Pernambuco, ele foi enfeitar os céus estrelados do Nordeste bem antes do que o curso natural da vida nos aponta. Se faz parte da nossa cultura enaltecer políticos, sensibilizarmo-nos com mortes trágicas e antecipadas, por qual motivo Eduardo Campos não mereceria tantas flores, missas, passeatas e milhares o levando até a sepultura?
Ele tinha muitos planos de gestão, a maioria bem estruturados, como, de resto, outros candidatos. Mas cabia a ele ser a estrela ascendente, autêntico planeta Vênus a brilhar ao entardecer, chegando, antes da noite, como a estrela Dalva, que encanta gerações. Marina Silva (PSB), apelidada, na eleição passada, de “menina da selva”, pelas suas jornadas em favor do meio ambiente, carregará agora as ideais, os sonhos e a vontade de acertar que Eduardo Campos discursava para o Brasil. Neste dia 19, quando começa a propaganda eleitoral gratuita nas TVs e nas rádios, o povo poderá fazer uma avaliação das propostas. Que os postulantes ao Palácio do Planalto não caiam na falácia, criticando os atos, movimentos e relações dos que continuaram, sem Eduardo Campos, na busca do poder máximo do Brasil.
Não vale pregar o voto nulo ou a abstenção. O eleitor é quem decide os rumos das prefeituras, dos estados e do País. Portanto, não pode, não deve se omitir. Estará cometendo um crime de lesa-pátria, cujos efeitos nefastos cairão, justamente, sobre aqueles que, agindo com indiferença, serão os maiores prejudicados pelos eventuais erros dos dirigentes escolhidos para os executivos federal, estaduais e os parlamentos federal e os estaduais. Devemos, antes de criticar, lidar com a natureza dos políticos em geral e dos candidatos em particular. A natureza humana é modificada conforme a época em que vivemos.
O fim, assumir o poder em nível federal ou estadual, dos políticos é apenas uma série de atos considerados em um estágio, hoje, ainda remoto. E é um meio, se considerarmos tão somente a série da campanha que começa nesta terça-feira como um estágio anterior. Meios e fins são dois nomes para a mesma realidade da vida política brasileira. Os dois termos indicam não uma divisão real, mas uma diferença no julgamento de como os candidatos e nós, através deles, faremos uma diferença de julgamento. Nossa cultura manda incensar os que morrem em cargos públicos de maneira trágica. A história do Brasil prova isso. Aconteceu antes e a imprensa escrita registrou muito bem. A maior homenagem à estrela que nascia e, agora, brilha no firmamento político do Brasil chamada Eduardo Campos será levarmos, seja qual for o vitorioso, algumas de suas ideias para a prática, visando a um Brasil melhor, mais forte, educado, saudável e seguro.