Emergentes unidos terão voz ativa no mundo

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Depois de ser escolhida como uma das cidades-sede da Copa do Mundo, a bela Fortaleza recebeu os líderes dos países do grupo Brics. Juntos, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul detêm cerca de 20% da economia global.
Porém, fora a China e a Federação Russa, com poder de veto na ONU, os outros três continuam na periferia das grandes decisões mundiais. Começando pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird), no qual as cotas maiores pertencem aos países industrializados, principalmente os Estados Unidos da América (EUA).
Pois a atual geração de brasileiros, russos, indianos, chineses e sul-africanos pode estar vendo nascer um novo tempo. Primeiro, com a criação de um banco baseado nos moldes do FMI. Os quatro sócios terão cotas igualitárias, de 20% cada. O capital inicial da instituição estava previsto em US$ 50 bilhões para investimentos em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável.
Os países emergentes do Brics, caso se unam efetivamente, terão um poder muito grande. Hoje, divididos principalmente por interesses comerciais e também por vieses ideológicos, pouco conseguem e continuam a reboque dos EUA e da União Europeia (UE), especialmente. Porém, além da união, é preciso que as transações sejam feitas em moedas locais e as barreiras comerciais caiam.
É que, historicamente fechada, a economia brasileira precisa buscar acordos de comércio com outros países e blocos e revisar normas do Mercosul, para evitar perdas de competitividade e maior isolamento do País. Quase simultaneamente, relatório do Banco Mundial sobre as implicações para o Brasil de uma China em transformação recomenda redução das tarifas e barreiras não tarifárias entre os dois países. Brasil e China impõem barreiras mais elevadas sobre os produtos em que o outro tem vantagem comparativa.
Elas e a escalada tarifária afetam a capacidade de o Brasil diversificar as exportações de maior valor agregado para a China. Por isso, o ambiente não é favorável à integração dos dois países. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul fizeram um levantamento das barreiras tarifárias enfrentadas dentro do bloco e devem apresentá-lo aos ministros econômicos durante o encontro de cúpula do Brics, em Fortaleza.
Assim, seria iniciado um processo negociador, ou seja, quais produtos têm vantagens comparativas, mas enfrentam barreiras no Brics. e como tirá-las. O Brasil também deve se tornar mais amigável ao investimento externo. Embora o País tenha uma política liberal para o Investimento Estrangeiro Direto (IED), o estabelecimento de uma subsidiária estrangeira no País ainda é bastante oneroso.
De olho em 2015 e no próximo período governamental, o setor privado está unido para pressionar o governo a trilhar concomitantemente dois caminhos: aprovar reformas domésticas, com o objetivo de reduzir o custo Brasil, aliadas a diálogos com parceiros internacionais. A estratégia é capitaneada pelas Confederações da Indústria e da Agricultura e Pecuária, que concordam no diagnóstico sobre os últimos anos: o País perdeu uma grande chance de obter vantagens maiores para nossos produtos no exterior durante o pico da crise.