Mais Brasil

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Desde a Copa de 1998, escrevo sobre a realização das Copas do Mundo e a participação da seleção brasileira. Acredito que estádios de futebol representam para os brasileiros “espaços de construção de identidade, de cultivo de bons valores humanos e espaço para viver e experimentar os melhores relacionamentos”. Julgo que, em todas as Copas do Mundo, os brasileiros fazem uma revisão de si mesmos, jogando com seu orgulho, sua cidadania e seu amor à Pátria como componentes fundamentais da identidade brasileira. Em 2014 não faltaram aqueles que quiseram ensinar um novo jeito de torcer por esta nação e pelo futebol brasileiro, sendo contra aquilo que vem de nossa alma e nossa essência: o gosto pelo futebol. Mas “erraram o pulo”, pois para a imensa maioria, o futebol reflete as diferenças, os potenciais, os talentos e a criatividade. O futebol representa muito do nosso povo, de sua postura e de sua vontade de vencer e apresentar-se ao mundo.
O Brasil não precisa mais impressionar ninguém, em nenhum quesito, muito menos no futebol. O Brasil deve se fazer respeitar por tudo aquilo que tem de bom e todos os brasileiros deveriam orgulhar-se do País que somos. Essa é a atitude fundamental para continuarmos lutando, diariamente, por um Brasil cada dia melhor. Este imenso País possui um povo que não pode ser subestimado por sua inteligência, criatividade e ousadia.
O falso pessimismo que tentaram imprimir neste País tem a ver com a resistência às mudanças substantivas que ocorreram no Brasil nos últimos anos, para a maioria dos brasileiros. Tem a ver com a ampliação das possibilidades democráticas de vivermos a cidadania, nem sempre bem vistas por aqueles que se sentem donos desta nação. Tem a ver com um novo e importante advento que se aproxima: as eleições gerais. Os brasileiros provam, mais uma vez, que a maior riqueza está na garra, na fé e na esperança que se fazem na luta cotidiana de cada cidadão e cidadã brasileira.
Os brasileiros manifestaram que querem mais do que já conquistaram, mas sabem que não existem mágicas nem ideias “mirabolantes” que irão mudar o percurso da ampliação de sua cidadania. Emprestamos nossa terra, nossa altivez e nossa cultura para a realização do maior espetáculo do mundo. Sem medo de expor ao mundo nossas contradições, durante a realização da Copa do Mundo, fomos nos alimentando daquilo que mais temos de bom. Apesar de excessos de uma minoria, unimos os nossos sentimentos de brasilidade nos mais equidistantes rincões e comunidades deste País.
A Copa do Mundo não trouxe o título à nossa seleção, mas já nos trouxe de volta o que queriam nos tomar: a fé e a esperança de que nosso País vai dar certo! Brasileiro de verdade acredita no Brasil e age nas horas certas. Sabe que este País tem uma enorme dívida com a cidadania e com a falta de oportunidades para com a maioria dos brasileiros: pobres, explorados, sem estudo, sem trabalho, sem saúde, sem dignidade. Essa conta quem vai pagar é a nossa rica nação brasileira e quem deve exigir é a organização e a luta da coletividade, agora alimentada por um sentimento de “mais Brasil”.
      
Professor e ativista de direitos humanos