É grátis?

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Com a era digital, experimentamos um aumento de capacidade com redução de custos. No mundo virtual, já é possível entregar produtos e serviços gratuitamente e ainda assim ganhar dinheiro. Os custos ligados à tecnologia da informação estão caindo de forma vertiginosa. Muitos dos serviços gratuitos na internet são pagos com o dinheiro dos anunciantes. Esse negócio, que tradicionalmente se aplicou à tevê e ao rádio, está se expandindo. Aliás, a própria tevê tende a se transformar devido a serviços como o Youtube, que se aproveita dos custos decrescentes para oferecer coleções de vídeos, com a comodidade de assisti-los na hora em que se achar mais conveniente. Outros exemplos são o caso clássico do Google, que oferece a maioria dos seus serviços gratuitos, ou o impacto sofrido pela indústria da música, em que o dinheiro vem cada vez mais das performances ao vivo e menos da venda de discos. Ainda no caso da música, a distribuição gratuita é essencial para angariar fãs. Os músicos ainda podem cortar o intermediário do negócio – as gravadoras – e a disseminação de suas músicas por meio da pirataria passou a ser parte integral da viabilidade econômica, quando não um meio para o sucesso.
A abundância da tecnologia digital começa a entrar por trás de muitos modelos de negócios, como nas empresas aéreas de baixo custo. Essas empresas tornam-se mais agressivas, ao ponto de cobrar poucos reais por uma passagem. É evidente que uma viagem custa muito mais, mas os custos são cobertos com a venda de uma série de outros serviços relacionados, como refeições, bagagens, parcerias com empresas de aluguel de carros e diárias de hotéis, que não existiriam se aquela poltrona ficasse vazia. As operadoras de telefonia celular não agem muito diferente quando oferecem aparelhos cada vez mais sofisticados de graça em troca de contratos que garantem as receitas com os serviços.
Mas, então, existiria o almoço grátis? É claro que não existe quase nada efetivamente de graça na vida, mas o mundo digital está implicando uma transformação dos modelos de negócios, permitindo redução dos custos, fazendo prosperar uma nova economia, na qual o grátis existe.
 
Economista