Reestruturar para sobreviver

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Desde que assumi a presidência do Grupo CEEE, em 2011, existia a convicção de que para reverter o déficit histórico da companhia era preciso balizar a atuação em dois aspectos: investir para aumentar a receita e reestruturar para agilizar os processos, focando cada empresa no seu próprio negócio. Isso ficou ainda mais claro depois dos novos desafios do setor elétrico, determinados pela Lei 12.783/13. A situação reforçou a necessidade de alterar o modelo do setor elétrico, que cria nas distribuidoras um círculo vicioso de redução de tarifas e consequentemente de investimentos, refletindo uma realidade cuja tendência nunca é de melhoria. Para mudar o quadro, é importante que os órgãos reguladores técnicos e de mercado elaborem limitadores para o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) e para as tarifas, que penalizam as companhias elétricas.

Por ser estratégica para o crescimento do Estado, uma empresa pública como a CEEE deve ser preservada e garantir que sua maior acionista, a sociedade, receba o lucro – não só financeiro, mas de desenvolvimento social. A realidade e a história de mais de 70 anos desta companhia, que é fundamental para o desenvolvimento do Estado e cumpre seu papel no abastecimento de energia elétrica, têm mostrado uma empresa em sérias dificuldades, que precisa inverter o processo urgentemente.

Por isso, a prioridade da minha gestão foi a retomada dos investimentos e a reestruturação das empresas, para que, em quatro anos, a tendência mude e elas deem lucro. Conseguimos aplicar em obras, nos últimos três anos, recursos que são três vezes superiores aos empregados em outras gestões. Mas ainda há de se fazer as modificações gerenciais, que estão no projeto de reestruturação entregue ao governo e pronto para ser implementado. Ele prevê a divisão das empresas e gestão específica para cada uma. A CEEE-D tem de priorizar o regulatório, a redução de perdas e a apropriação de ativos. A CEEE-GT deve reduzir custos de operação e manutenção e ampliar a captação de novos negócios. Creio que, com os atuais investimentos e as medidas – muitas vezes duras – a serem tomadas, o grupo pode superar o momento, renovar as concessões, prestando um serviço de qualidade à sociedade e permitindo o desenvolvimento do Estado e o conforto às pessoas.

Ex-presidente do Grupo CEEE, engenheiro eletricista e mestre em energia eólica