Ensino profissionalizante para a mão de obra

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Incrivelmente, o sonho de ter um curso superior, alimentado por todas as  famílias para seus filhos até os anos de 1990, prevendo, a partir do diploma, um futuro profissional bem melhor, não está mais garantido. Nem no Brasil nem na China, que, mesmo guardadas as proporções de população e necessidades, enfrenta a falta de mão de obra de nível médio, como aqui. Soube-se que empreendimento na Região Metropolitana tem seis mil vagas nas obras, mas que, mesmo oferecendo bolsa e cursos, elas não foram preenchidas. Ora, um governo bem constituído é a melhor árvore que se conhece para dar abrigo e sombra aos povos e às nações. Pois o que acontece no Brasil é também motivo de preocupação na China. É que quase 50% dos universitários recentemente graduados na China, que anualmente somam cerca de sete milhões, não encontram emprego, segundo dados oficiais. De acordo com o documento Reforma e Desenvolvimento da Seguridade Social da China, estima-se que mais de três milhões de estudantes, prestes a se graduarem, terão dificuldades na hora de procurar emprego.
Existem pelo menos três razões para explicar as dificuldades dos estudantes chineses para encontrar emprego, ou seja, o arrefecimento do crescimento econômico da China, que começou em 2012, ao crescer apenas 7,8%, e que na próxima década oscilará ao redor de 7%, que contribui para o empenho dos graduados em ficar nas grandes cidades, onde se registram as altas taxas de desemprego, por receber melhores benefícios sociais, uma vez que nas pequenas e médias cidades o problema do desemprego não é sério. O sistema educacional das universidades chinesas oferece um longo número de graduados em uma economia na qual só há demanda por operários ou técnicos, e não para universitários. Ora, esse não é o mesmo problema atual do Brasil, com crescimento baixo do Produto Interno Bruto (PIB) e sem maiores perspectivas em muitas áreas do Ensino Superior, onde há muitos em busca de emprego e poucas vagas, o que derruba os salários?
A taxa de desemprego entre os universitários chineses aumentou por causa do arrefecimento do crescimento econômico e porque a economia do país ainda não é capaz de criar empregos de alta categoria. Por outro lado, como no Brasil, onde milhões de aposentados continuam a trabalhar por gosto, mas também por necessidade própria ou familiar, atrasar a idade de aposentadoria - como pedem muitas vozes na China, para que se adie dos 60 para os 65 anos -, na situação atual, não é uma opção viável, segundo os técnicos governamentais.
A taxa de desemprego urbano na China - cujas autoridades não medem o desemprego rural - se manteve em 4,1% da população ativa no ano passado, a mesma percentagem que em 2011, segundo números oficiais. Então, enaltecido até em música famosa, o “canudo de papel” não é mais garantia de emprego privado, e daí a busca frenética pelos empregos públicos, garantidos, com vencimentos bem acima dos padrões empresariais e nos quais a graduação em Direito é a que mais ofertas tem. Talvez, agora, rivalizando com a procura por médicos para o Interior do Brasil. Enfim, China e Brasil se igualaram em alguma coisa, a falta mão de obra de nível médio.