O preço das passagens de ônibus

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Desde janeiro deste ano, a questão do preço das passagens de ônibus tem sido o grande tema público da cidade de Porto Alegre. Mas o simples fato de militantes barulhentos e dotados de tempo ocioso tomarem as ruas e invadirem a Câmara com a reivindicação de que o transporte gratuito ou o preço abaixo do seu custo seria um “direito” não altera em nada o mundo real. Os custos do setor (salários, manutenção, renovação da frota, combustível etc) têm subido – e muito – nos últimos anos. Além disso, as principais causas para a elevação desses custos parecem ser solenemente ignoradas pela militância antiaumentos. Não se ouve uma menção à falta de controle sobre a inflação, muito menos críticas ao aparelhamento político e à perda de competitividade da Petrobras, um dos raríssimos casos de empresa que consegue ter perdas em um dos setores mais rentáveis da economia mundial na atualidade (petróleo).
Mas nada disso parece importar, afinal, é muito mais fácil culpar os empresários do transporte por todos os problemas. Não que eles não tenham sua parcela de culpa, claro: são beneficiários de um sistema corrupto e pouco transparente, que concede a exclusividade da prestação de um serviço que deveria estar submetido à concorrência de mercado. A livre concorrência é a melhor garantia do consumidor contra serviços mal prestados. No sistema atual, no entanto, essa garantia inexiste: o passageiro/consumidor que não tem carro acaba se tornando refém de empresas que detêm monopólios sobre o transporte em certas áreas. O transporte coletivo necessita, como qualquer outro setor, de mais concorrência e transparência.
Diretor do Instituto Ordem Livre, conselheiro fiscal do IEE