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Feliz velho Ano-Novo
Interessante como os panglossianos desejam feliz Ano-Novo. Na verdade, entra ano e sai ano, tudo continua como dantes em terra brasilis. Afinal, são séculos de muita retórica, parasitismo, indolência e roubalheira, conforme prova um velho manuscrito existente na seção de obras raras do antigo monastério de Santa Clara, ancestral do novo, que até hoje existe, em Nápoles, na Itália, porém sem as raridades do primeiro, parcialmente destruído pela erupção do Vesúvio de 1781. Na antiga cripta, onde estão guardados os destroços da famosa biblioteca, encontram-se as edições princeps de velhas descrições de navegadores do século XVIII, entre as quais se destaca um relato em latim, com algumas expressões célticas, sobre o Brasil de 1700, de autoria supostamente de algum monge, ligado ao mosteiro referido alhures. Constata-se no relato supramencionado que o Brasil não mudou muito. O País já era, naquela época, alegre e medíocre, quando despontavam corruptos e larápios, sendo costume não se fazer nada nem de noite nem de dia, como acontece até hoje, de Norte a Sul, especialmente em Brasília, apesar de os bairristas mais radicais entenderem que só os baianos têm aversão pelo labor.
Na descrição de um encontro realizado nos fundos de uma igreja, na Bahia, que, ressalte-se, começou tarde da noite, atesta-se que o gosto do brasileiro por reuniões, em que se fala muito e não se decide nada, é antigo, além de ficar comprovado que os problemas daquela época são bem atuais, o que pode ser corroborado pela transcrição de parte da obra sob comento: “Um senhor de voz rouca, que parecia ser admirado pelos presentes, sugeriu que, a partir daquela data, fosse proibida qualquer alusão ao fato de haver no País ladrões e corruptos”. Não é sem razão, pois, que, neste país de oportunistas, refratário ao poder do trabalho honesto e da meritocracia, as criaturas são cópias fiéis de seus criadores, que costumam dizer que abominam a corrupção.
Advogado