Corrupção não pode ser sinônimo de Brasil

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Com que moral pessoas julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pedem que seus simpatizantes saiam às ruas para protestar contra as decisões e penas impostas? Para a opinião pública, nenhuma credibilidade foi ou será dada a esse tipo de manifestação. Elas estão condenadas, a priori, ao fracasso pela total falta de sustentabilidade. Os que mantêm a máquina pública brasileira, empresários de todos os níveis e trabalhadores públicos e privados, estão enojados com o que é noticiado quase que semanalmente, o desvio de dinheiro dos governos. Todos aplaudem o trabalho da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público (MP), cujas investigações querem tolher. Mas há uma ânsia nacional de que, se não é possível acabar com a corrupção, que ela seja combatida até as raias da máxima legalidade e por todos os meios possíveis. Piorando o desânimo socioeconômico, o PIB crescerá, no máximo, 1,5% em 2012.
A Polícia Federal apurou troca de influência por dinheiro na chefia do escritório da Presidência da República, em São Paulo. A presidente Dilma Rousseff determinou a exoneração ou afastamento de todos os servidores envolvidos. Seis pessoas foram presas na operação da PF, entre as quais dois diretores de agências reguladoras, no total de 18 indiciadas por fraude. O que ocorreu, lamentavelmente, não é novidade e nem será a última ocorrência do gênero. Quando se fala em inchaço da máquina pública, se tem em mira justamente esta superposição de órgãos, agências reguladoras e cargos em comissão.
Um excesso de pessoal com poder de mando que torna impossível uma fiscalização séria por quem de direito. Mesmo correndo o risco, sistemático, de ser apontado como “de direita” ou “reacionário capitalista”, fica provado que, como estão, os serviços públicos, incluindo as agências que pouco regulam e menos fiscalizam nos três níveis,  precisam de uma depuração.
Considerada peça-chave do esquema pela Polícia Federal, Rosemary Noronha foi nomeada para o cargo em 2003, pelo então presidente Lula da Silva, e cuidava da agenda dele em São Paulo. Rosemary Noronha foi mantida pela presidente Dilma Rousseff, tudo dentro da lei. O que está errado é que, depois da nomeação, ninguém mais é cobrado em seu trabalho, apesar dos poderes que detém. Dá, em alguns casos escabrosos, em corrupção deslavada. E isso irrita a população. O pior, para o povo incrédulo, é que também foi indiciado na operação da Polícia Federal, entre outros, José Weber Holanda, o segundo na hierarquia da Advocacia-Geral da União (AGU), que recebeu viagens para facilitar a concessão de um terreno da Marinha em uma ilha do litoral paulista para a implantação de empreendimento imobiliário.
De acordo com a PF, o grupo cooptava funcionários de segundo e terceiro escalões para obter pareceres fraudulentos, a fim de beneficiar interesses privados. O governo deve se livrar de qualquer coisa que não seja útil. Nunca é muito tarde para aperfeiçoar o serviço público e, neste quesito, o povo não aceita um não como resposta. Corrupção nojenta.