Obama faz esperança superar o ceticismo

Por

Muitos dizem que é um viés colonialista ficar falando das eleições nos Estados Unidos (EUA) quando há tantos problemas internos no Brasil e em outras partes do mundo. No entanto, a esperança que Barack Obama representa superou a frase de “nós acreditamos na América”, da campanha de Mitt Romney. Aliás, foi uma vitória até mais fácil do que o esperado. Mesmo com muita antipatia contra os EUA, ninguém pode ignorar a única superpotência global. A rigor, mesmo sujeita a críticas, a frase de que os estadunidenses elegem “o presidente do mundo” é um fato. O resultado da eleição presidencial nos EUA terá um influência sutil, mas profunda, na economia da Rússia. O medo na Federação Russa era por conta de uma vitória de Mitt Romney. Com ela, haveria uma visão mais negativa da Rússia por parte do novo dirigente. Barack Obama sempre procurou a aproximação com o Kremlin, mesmo em meio a divergências.
Empresário e muito rico, Mitt Romney tinha adeptos entre grandes líderes da economia dos EUA. É o caso do bilionário Donald Trump, que não ficou feliz com a reeleição do presidente. O magnata do setor imobiliário e apresentador de tevê expressou sua insatisfação com um discurso contra o Colégio Eleitoral e o contra o processo democrático como um todo. “Esta eleição é uma farsa e uma distorção. Não somos uma democracia!”, afirmou Trump em rede social. Mas os eleitores formaram um grupo diverso, que reflete um país em mudança, não composto apenas pela população branca e mais velha, na qual Romney apostou na tentativa de chegar à Casa Branca. Os brancos representaram 72% do eleitorado que votou nesta terça-feira, um percentual menor do que o de quatro anos atrás, enquanto a participação de eleitores negros permaneceu em 13%, e a fatia dos hispânicos aumentou de 9% para 10%. Os votantes afro-americanos e latinos apoiaram o presidente Obama em massa.
Barack Obama enfrentará questões econômicas domésticas - em especial, o chamado “abismo fiscal’”-, que serão muito importantes para a economia global, lembrou Vladimir Tikhomirov, economista-chefe da Otkritie Capital, de Moscou. De Dilma Rousseff até Angela Merkel, os líderes mundiais saudaram a reeleição democrata nos EUA, com 303 votos, no Colégio Eleitoral, contra 206 de Romney. Ao lado da família - uma tradição dos candidatos a presidente -, Obama disse que “o melhor está por vir”, enquanto Mitt Romney afirmou que a “eleição acabou, mas princípios permanecem”. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, manifestou seu desejo de seguir trabalhando com o “amigo” Barack Obama. O presidente francês, François Hollande, saudou a “eleição clara” por um país “aberto e solidário, plenamente comprometido no cenário internacional”. Na China, que mudará de presidente nos próximos dias, após 10 anos, Hu Jintao e o primeiro-ministro, Wen Jiabao, enviaram uma mensagem de felicitações a Obama, assim como o vice-presidente Xi Jinping, que assumirá a liderança do Partido Comunista e a presidência chinesa. Finalmente, porém importantíssimo, a economia dos EUA crescerá pelo menos 2% em 2012, e o desemprego voltou aos níveis pré-crise de 2008. Para o Brasil, pouco muda, a América Latina não é prioridade. Enfim, foi mesmo eleito o presidente do mundo, gostem ou não.