O luxo cresce, mas ainda emperra

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O mercado de luxo brasileiro vem crescendo a taxas invejáveis de 20% a 25% nos últimos anos. Isso se deve a uma série de fatores, a exemplo da crise de 2008, da atual crise na zona do euro e do alargamento da classe média brasileira. Não obstante, o Brasil ainda oferece enorme resistência aos produtos de luxo produzidos fora das terras tupiniquins, impedindo o crescimento ainda mais significativo desse setor. O inimigo aqui é a alta carga tributária. O patamar atingido pelos tributos no Brasil sobre o luxo importado pode tranquilamente ultrapassar os 60% sobre o preço do produto, entre ICMS, IPI, PIS e Cofins, além do famigerado Imposto de Importação. Este pode chegar a atingir a marca de 33%, dependendo do bem importado. Enquanto isso, a China, motriz do segmento do luxo global nos últimos anos, mesmo sendo uma economia “socialista”, taxa os produtos de luxo a máximos 35%. Não que esse cenário seja ideal para as grandes casas do luxo, já que países como os Estados Unidos e o Canadá praticam a tributação beirando aceitáveis 10%. Assim, o “protecionismo” guloso praticado em cima de artigos considerados supérfluos faz com que o brasileiro tenha os produtos de luxo mais caros do mundo.
O Estado ganha a sua mordida habitual, mas tal como uma moeda, esse jogo tem duas faces. Os preços estratosféricos do mercado de luxo brasileiro, que depende do consumo aspiracional da classe média alta e não sobrevive apenas dos consumidores que não são sensíveis ao preço, faz com que o dinheiro do comprador médio seja gasto fora do Brasil, em viagens para alguma Meca das compras, como Miami e Nova Iorque. Ou seja, em vez de criar novos empregos, manter o gasto dos consumidores do luxo dentro do país e movimentar a economia com a atividade adjunta ao luxo (leia-se construção civil e serviços), o Estado prefere tirar a sua parte sob a desculpa do velho bordão do protecionismo. Em tempo para boas notícias, o mercado de luxo no Brasil vai bem, mas ainda emperra, e poderia ir muito melhor.
Associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)