Consumo consciente

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O Brasil passa hoje por um momento muito especial. Graças a uma conjuntura favorável relacionada a crescimento econômico, geração de empregos e programas de distribuição de renda, milhões de pessoas passaram a um novo patamar de consumo. Ou seja, junto às novas oportunidades, vieram os riscos de maior exposição financeira, dívidas e inadimplência. Considerando os níveis dos juros no País, é grande o potencial de isso se transformar numa bola de neve. Resultado? Estresse, que prejudica não só as relações familiares, como a situação das pessoas no ambiente de trabalho. Nesse contexto, é muito importante lembrar sobre a importância de que, junto com o poder de compra, os consumidores também tenham consciência de sua situação, questionando a real necessidade dos novos bens e suas condições para adquiri-los.
Muitos confundem o consumo consciente com a privação do acesso ao consumo, como se as pessoas que hoje estão ampliando seu poder de compra tivessem de ser penalizadas por qualquer razão e não pudessem ter acesso aos bens e serviços que as classes mais favorecidas já dispõem. O fato é que, independentemente do direito à livre escolha de cada um, é necessária a compreensão de que, junto com as delícias do consumo, vêm as responsabilidades para que as novas oportunidades não se tornem pesadelos, como defende o Instituto Akatu, organização não governamental criada em 2001 para mobilizar a sociedade brasileira em torno do consumo consciente. Nesse sentido, a lição mais importante é a regra de que, muitas vezes, é preciso postergar sonhos para o futuro em prol da tranquilidade no presente. Considerando que os recursos são sempre mais escassos do que as oportunidades de consumo, é preciso ter ciência da própria condição e entender os riscos envolvidos. É difícil relacionar o nível de consumo e a felicidade, mas pode-se dizer com segurança que consumir de maneira responsável deixa todos menos infelizes.
 
Diretor-executivo da Ecobenefícios