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A reforma da Rua dos Andradas
Foi anunciado recentemente pela prefeitura que a Rua da Praia será reformada, utilizando-se o mesmo material em toda extensão da via e que ele será mais resistente para suportar o trânsito de veículos. Ora, ocorre que aquela querida e importante rua possui diferentes tipos de pavimento na faixa de rolamento, cada um deles representando o período histórico da sua execução. Paralelepípedos e lajotas de diferentes cores formam desenhos geométricos em diferentes trechos, enquanto na Praça da Alfândega há pedras portuguesas.
Neste local, aliás, faltou fiscalização depois da Feira do Livro para que todas as pedras fossem repostas e não ficassem tantos buracos enfeando o passeio e colocando os pedestres em risco. Ao intentar o uso de apenas um material na Andradas, o Executivo vai apagar parte da história da cidade e extinguir trechos com material nobre. O que deve fazer é recuperá-los, porque estão abandonados. O cruzamento com a General Câmara, por exemplo, é uma vergonha: as lajotas coloridas foram substituídas por argamassa e os degraus, idem. Todas as administrações, com exceção da atual, fizeram esforço para manter a beleza do pavimento do local. Agora, um tecnicismo tacanho quer apagar parte da história da Capital. Enquanto o Projeto Monumenta restaura prédios de expressivo valor arquitetônico na área central da cidade (iniciando pelo Pórtico do Cais do Porto - em que tivemos o prazer de atuar) e dá à Praça da Alfândega a sua cara original, a prefeitura quer passar uma borracha na história da Rua da Praia.
Engenheiro, ex-secretário de Obras de Porto Alegre