Semelhança entre negros e judeus

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Há na história de construção destes dois povos grandes semelhanças que os tornam irmãos da dor e da luta contra os ‘fantasmas’ da irracionalidade. Há uma fronteira próxima - na linha de tempo – tanto de judeus quanto de negros que nos faz refletir sobre a importância de unir forças para a criação de uma nova consciência, uma nova convergência de posturas, de lutas, de buscas e, principalmente, de libertação de nossas próprias mágoas e lamúrias, de nossas amarras e intolerâncias – justificadas por calabouços que a história insana nos impôs. Negros e judeus possuem almas semelhantes. A eterna busca por respeito. Possuem diversidade cultural e um indiscutível grito por tolerância. É evidente que os momentos históricos estão separados pela linha de tempo de cada povo. Mas as experiências de construção dos povos nos fazem mais semelhantes, mais convergentes e mais unidos do que poderíamos perceber. Somos o resultado de um mundo que ainda não aprendeu a respeitar o outro. Queremos ser o fim da história de vergonha para o mundo, e o início de uma nova era. Só depende das escolhas de que fizermos como povo, não como seres individuais.
O passado nunca deve ser esquecido, o presente cultivado com tolerância e o futuro deve ser a nossa consciência para que o horror da bestialidade humana seja eliminado. As diferenças destes povos – paradoxalmente – os tornam semelhantes na luta, na busca por posturas políticas e na constante construção do ser negro e do ser judeu. A preocupação é centrada no questionamento constante de quem somos e para onde queremos ir como povos. E nunca mais no ódio e na violência. Buscar a consciência convergente é o caminho viável para unir forças e iniciar a reparação dos equívocos culturais, dos vícios de postura sociopolítica e da intolerância ao redor do mundo. O preconceito e o fanatismo são hoje o ópio da raça humana. Esquecer os horrores jamais! Mas é hora de fechar as feridas. Olhar o horizonte e enxergar quem somos como povos para que a sociedade aprenda a nos ver como realmente somos: pessoas, cidadãos, iguais e totalmente diferentes.
 
Jornalista e pesquisadora sobre as convergências entre negros e judeus