A nobre infantaria

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Aconteceu-me um fato emocionante. Viajava eu de pé em um carro do metrô abarrotado, cumprindo aquela rotina de velho de buscar guias para exames, resultados etc. quando ouço, atrás de mim, um ensaio tímido de uma canção conhecida: És a nobre Infantaria das armas a rainha, por ti daria a vida minha... Voltei-me e vi um grupo de cinco jovens, evidentemente “recos” - recrutas do Exército - trauteando a canção do seu quartel. Não resisti e entrei com vigor no coro: ... e a glória prometida nos campos de batalha, está contigo, ante o inimigo pelo fogo da metralha. Os jovens me olharam com certa surpresa e comentaram entre si: ele sabe, o cara sabe... E continuaram comigo: Brasil te darei com ardor, toda a seiva e vigor que em meu peito se encerra... Eu dei corda, aumentei o volume, e logo estávamos cantando a todo volume a Canção da Infantaria.
É claro que criamos curiosidade no nosso entorno, mas continuamos decididos: “mostremos que em nossa Pátria temos valor imenso no intenso da luta”. Logo notei que no fundo do vagão, com entusiasmo, dois senhores entraram no coro: “És a nobre Infantaria...” Quando terminamos com um vibrante hurra, alguns passageiros ensaiaram palmas. Já estávamos chegando à minha estação onde desceria. Um dos rapazes se dirigiu a mim e perguntou: “o senhor foi do Exército?” E antes que eu respondesse, ele acrescentou o seu ponto de vista: “Eu gosto, eu estou feliz”. E, então, eu respondi: “eu sou militar. Eu posso ter saído do Exército, mas o Exército não saiu de mim.” Gostaria de ter falado mais aos rapazes, gostaria de aconselhá-los a sei lá o quê, mas mal nos despedimos. A multidão nos engolfou e nos jogou na escada rolante. Com um sorriso nos lábios, fui buscar os meus exames: o Brasil tem conserto!!!”

Coronel de Infantaria R/1