Escola e família unidas contra a violência

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A escola recebe sujeitos singulares que se defrontam com conflitos inevitáveis emergentes da convivência com a pluralidade de desejos e necessidades discrepantes. Esses conflitos se mal negociados podem produzir manifestações de violência verbal, física ou psicológica. É urgente discutir o que educadores e pais também podem fazer em parceria visando a oportunizar o desenvolvimento de habilidades que possibilitem o manejo de tensões inerentes ao processo de aprendizado de valores. É preciso unir esforços pra possibilitar o aprender através de vivências que auxiliem a superar a contradição com criatividade, através da utilização de habilidades comunicativas que favorecem o diálogo e o desenvolvimento da inteligência emocional. Isso é necessário para contribuir com a interrupção do ciclo de violência presente em nossa sociedade a médio e longo prazo. Nesse sentido é preciso que a escola possa estabelecer contínuas trocas de experiências com os pais para que através do exemplo de coerência entre nossos discursos e nossos atos possamos inspirar crianças e jovens a encararem a resolução de conflitos como oportunidade de crescimento. Já que só através do diálogo respeitoso e a construção de consensos provisórios necessários à regulação do bem viver dentro das instituições isso é possível.

É necessário que escola e família parem de somente querer achar os culpados pela violência fora de suas fronteiras. Apontar para os outros julgando e culpando por sua não responsabilização pela estimulação de comportamentos agressivos e/ou violentos provavelmente não desencadeará mudanças. E contribuirá para abrir um abismo ainda maior entre escolas e famílias. Porém, parar e olhar juntos para esse problema e buscar possibilidades de resolvê-lo conjuntamente parece ser uma alternativa para enfrentar a violência nas atuais circunstâncias e ajudar crianças e jovens a construir projetos de vida não violentos. Há quem possa achar que essa demanda pode sobrecarregar a escola. E talvez em alguns contextos isso seja até verdade. Entretanto, parece ser um sonho possível capaz de qualificar a convivência e a formação moral de crianças e jovens e, portanto, ser a semente de um futuro com mais paz.

      Professora da rede municipal de Porto Alegre