Uma revolução à brasileira

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Le Brésil n’est pas um pays sérieux. A frase é atribuída ao presidente francês Charles De Gaulle, por ocasião da crise diplomática entre Brasil e França, em 1962. A apreensão de embarcações francesas que pescavam lagostas em águas territoriais brasileiras teria irritado Charles De Gaulle, levando-o a afirmar que o Brasil não era um país sério. Na realidade, o autor da frase é o embaixador brasileiro na França, Carlos Alves de Souza Filho. Mas recordemos a posição, resumidamente, da imprensa, sobre o 31 de março de 1964. “Seria rematada loucura continuarem as forças democráticas desunidas e inoperantes, enquanto os inimigos do regime vão, paulatinamente, fazendo ruir tudo aquilo que os impede de atingir o poder” (O Globo de 31 de março de 1964).

“Basta! Não é possível continuar neste caos em todos os setores. Tanto no lado administrativo quanto no lado econômico e financeiro” (Correio da Manhã de 31 de março de 1964). “É cedo para falar dos programas administrativos, da Revolução. Mas é incontestável que um clima de ordem substituiu o que dominava o País, onde nem mesmo nas Forças Armadas se mantinham nos princípios de rígida disciplina hierárquica que as caracterizam” (Folha de S. Paulo de 31 de março de 1964).
Por fim, um depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva, em 3/4/1997, a Ronaldo Costa Couto e publicado no livro Memória Viva do Regime Militar. Brasil: 1964-1985/Editora Record: “(...) o regime militar impulsionou a economia do Brasil de forma extraordinária. (...) Se houvesse eleições, o Médici ganhava. E foi no auge da repressão política mesmo, o que a gente chama de período mais duro do regime militar. A popularidade do Médici no meio da classe trabalhadora era muito grande. Ora, por quê? Porque era uma época de pleno emprego. Era um tempo em que a gente trocava de emprego na hora que a gente queria. Tinha empresa que colocava perua para roubar empregado de outra empresa (...)”. “(...) acho que há uma coisa que a gente tem de levar em conta. Depois do Juscelino, que estabeleceu o Plano de Metas, os militares tinham Planos de Metas. O Brasil vai do jeito que Deus quer. Não existe projeto de política industrial, não existe projeto de desenvolvimento. E os militares tiveram, na minha opinião, essa virtude”.
Por tudo isso, já está em tempo de se esquecer a propaganda, os rancores, as mentiras e reescrever nossa História recente. História sem verdade não é ciência, é indecência. A conclusão é essa: “O Brasil deve ser pensado daqui para a frente. A anistia apagou as marcas dos dois lados. Se houver punição terão de ser revistas também as ações da esquerda, a exemplo do atentado a bomba no Aeroporto de Guararapes (Recife), em 1966” (General Leônidas Pires Gonçalves).

Coronel de Engenharia R/1, professor do Colégio Militar de

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