Dr. Pitrez, meu tipo inesquecível

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A antiga revista Seleções do Reader's Digest tem uma seção com o título Meu tipo inesquecível. Ali eram e são contadas biografias condensadas sobre personalidades que marcaram pessoas, cidades e países. Pois Porto Alegre teve o seu tipo inesquecível e cuja história está sendo contada em livro por um dos seus três filhos homens, o também médico Fernando Antonio Pitrez, ao lado da sua irmã Maria Isabel e irmãos Pitrez. Um médico no Alto da Bronze, mais do que falar de uma pessoa, Manoel Luiz Soares Pitrez, sua vida profissional, familiar, atuação religiosa e intensa integração social no Alto da Bronze, com sua lendária pracinha e o jardim de infância Pica-pau Amarelo, resgata para a posteridade de Porto Alegre um homem que fez da medicina seu sacerdócio. O dr. Pitrez foi um clínico geral, um médico de família e um autêntico terapeuta de corpos e almas, antecipando o que, hoje, se preconiza na medicina. Precisa-se de bons clínicos que examinem, auscultem e não, simplesmente, à primeira palavra do paciente, o despachem adiante com o famoso "ao reumatologista, ao traumatologista, ao infectologista, ao dermatologista, ao obstetra, ao gastroenterologista, ao neurologista, ao nefrologista" e outras especialidades. A soma de uma sólida formação humana, religiosa e profissional tornaram o dr. Pitrez, dos anos de 1940 até os de 1960, um autêntico segundo pai para a maioria das crianças do entorno onde morava.

A sua magnífica atuação teve por cenário o mítico Alto da Bronze, que é o único bairro de Porto Alegre que tem música própria, de autoria de Paulo Coelho e Plauto Azambuja, linda, nostálgica, de 1930. Para o dr. Pitrez, ser médico era ajudar, amparar, curar, conversar, conhecer as pessoas e as famílias. Fazia o que o seu coração mandava. Aquilo não era problema nem trabalho pesaroso. Era, sim, a sublimação de uma existência pessoal e profissional. Isso gerou um tipo, realmente, inesquecível. Por isso não surpreende que no lançamento do livro Um médico no Alto da Bronze tantos conhecidos, amigos e ex-pacientes tenham ido até a Casa de Cultura Mario Quintana para abraçar Fernando Pitrez. Há uma rua com o seu nome, na zona Sul, cuja placa indicativa sintetiza toda uma vida: Dr. Pitrez, médico humanitário do Alto da Bronze.

Farmacêutico bioquímico e jornalista