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Publicada em 20 de Junho de 2025 às 00:25

Hidrogênio verde é base para a indústria de fertilizantes

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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
O complexo industrial de fertilizantes, que tem papel central na região do Porto-Indústria, em Rio Grande, com diversas indústrias, pode ser o setor que dará início à aplicação industrial do hidrogênio verde no Rio Grande do Sul.
O complexo industrial de fertilizantes, que tem papel central na região do Porto-Indústria, em Rio Grande, com diversas indústrias, pode ser o setor que dará início à aplicação industrial do hidrogênio verde no Rio Grande do Sul.
Pelo menos este é o plano da Hidrogênio Verde Rio Grande, futura indústria projetada pela Infravix Engenharia, que em março deste ano assinou um memorando de entendimento com o governo do Estado para desenvolver a primeira planta de fertilizantes verdes junto ao Estaleiro Rio Grande - pertencente à Engevix, do mesmo grupo empresarial.
A partir da geração de hidrogênio verde, o objetivo é produzir amônia, e, com processamento industrial, ureia, que é matéria-prima base da produção de fertilizantes.
"Será uma indústria limpa, com a função, basicamente, de separar partículas de hidrogênio da água, utilizando energia limpa. A partir dessa separação, que gera o hidrogênio verde, pelo uso da fonte de energia não poluidora, produzimos amônia, que entra na indústria para virar ureia. O fato de estarmos no porto é significativo, porque os portos são a porta de entrada de grandes volumes dos produtos básicos para a produção de fertilizantes por meio da importação", define o CEO da Nova Participações, José Antunes Sobrinho.
O projeto prevê investimentos de US$ 150 milhões - até R$ 840 milhões - para produzir 100 mil toneladas por ano de ureia. Antunes acredita que haverá condições de iniciar as obras da unidade industrial no primeiro trimestre de 2026 para produzir no segundo semestre de 2027.
Atualmente, avançam os processos de licenciamento, tanto da planta industrial quanto da linha de transmissão necessária ao projeto. A compra de energia solar para o projeto já está garantida. "Temos a consciência de que teremos um papel intermediário em um setor estratégico no Brasil, onde o agro tem um peso fundamental na economia. Para que se tenha uma ideia, hoje, Rio Grande importa 2 milhões de toneladas de ureia por ano. Nós produziremos 100 mil toneladas para suprir parte da demanda local, e não somos ainda uma solução à indústria de fertilizantes no Brasil, mas certamente, estamos apontando uma solução", define o dirigente.
Só em Rio Grande, nos primeiros quatro meses do ano, os produtos básicos para o preparo de fertilizantes representaram 81% das importações do município. Por outro lado, pouco mais de 3% das exportações foram de fertilizantes e adubos elaborados. Durante todo o ano passado, essa relação chegou a 85% de importações e 3,8% de exportações. O Brasil, mesmo entre os maiores produtores de alimentos do mundo, foi o quarto país que mais importou compostos orgânicos e o líder nas importações de fertilizantes prontos. "Daí a viabilidade do projeto, especialmente em Rio Grande. É um lugar junto ao porto, ao polo produtor de fertilizantes e com disponibilidade de energia limpa. Queremos chegar a valores competitivos no mercado, com uma pegada ambiental muito forte. Hoje, a ureia vem do Leste Europeu, do Canadá e do Marrocos que, além de produzirem um composto não limpo, obtido a partir de gás, que é uma fonte poluidora, ainda chegam carregados em navios movidos a óleo. O nosso produto é limpo", aponta Antunes.
Os empreendedores vislumbram outros usos para o produto a ser obtido na futura planta industrial. "Pode ser que no futuro, por exemplo, possamos desenvolver uma planta para produzir amônia limpa como combustível de navios. É, sim, uma ideia de que a fábrica dialogue muito com o Estaleiro Rio Grande", aponta o CEO da Ecovix, Robson Passos.

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