Com Cláudio Isaías e Luciane Medeiros, de Garibaldi
O terceiro evento do projeto Mapa Econômico do RS em 2025 foi realizado em Garibaldi, na Câmara de Comércio (CIC) do município. O painel contou com diversas lideranças empresariais que discutiram as oportunidades e os desafios para o desenvolvimento econômico das Regiões da Serra, Hortênsias, Campos de Cima da Serra e os Vales do Caí e do Paranhana Encosta da Serra.
Lideranças empresariais e entidades de classe
Potencial turístico
"Nossa região é muito rica. Sempre digo que estamos em uma região diferenciada de todo o Brasil, porque não temos desemprego e crianças na rua procurando alimento em latas de lixo. Temos uma saúde boa, bons hospitais e uma boa rede escolar. Então, temos muitas oportunidades, incluindo um potencial turístico fantástico que não podemos perder".
Clovis Tramontina, conselheiro consultivo da Tramontina

Clovis Tramontina, conselheiro consultivo da Tramontina
TÂNIA MEINERZ/JC
Pista de esqui e o único champanhe do Brasil
"A pista de esqui artificial era uma coisa única no Estado e que de alguma forma deve ser resgatado, porque chama bastante gente para Garibaldi. O Centro Histórico também é muito bonito. E tudo isso perto de Porto Alegre, oferecendo boas possibilidades de gastronomia e hotelaria. Tem toda a história do espumante, com o único do Brasil que pode usar o nome de champanhe, que é o da Peterlongo. Acho que daria para trabalhar um pouco mais isso para vender a cidade".
Thômaz Nunnenkamp, diretor do Laboratório Saúde LTDE
Investimento em arte
"Aqui na região da Serra temos o segundo maior derrame basáltico do mundo, o primeiro fica na Rússia. Contamos com 52 esculturas em basalto, sendo 45 delas internacionais, adquiridas ao longo de cinco simpósios de escultura, com participação dos melhores escultores do mundo. Existe uma lei já criada, mas ainda não aprovada, que busca permitir que os escultores possam trabalhar e obter renda com suas obras. A proposta é que, em prédios com mais de 1.500 m², como ocorre em lugares como Porto Alegre, Florianópolis e Pernambuco, onde já é obrigatória a presença de obras de arte em certos edifícios, escultores da região sejam incentivados a expor suas obras, podendo instalar esculturas próprias em frente a esses prédios".
Tarcísio Michelon, presidente da Dall'Onder Hotéis

Tarcísio Michelon, presidente da Dall'Onder
BRENO BAUER/JC
Papel social da vitivinicultura
"O setor vitivinícola tem para a região uma grande importância, mais do que no aspecto econômico, no aspecto social, contribuindo para manter em torno de 12 mil famílias na atividade, com remuneração justa, tendo o destino da sua produção e com qualidade de vida. Esse talvez seja o maior benefício que estamos trazendo para a Serra".
Oscar Ló, presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi
Aposta no enoturismo
"A Região da Serra se diferencia não somente no Estado, mas no Brasil. As indústrias andaram muito nos últimos anos e, com o advento do enoturismo, toda a região está envolvida na proposta do vinho. O enoturismo tem um caminho bem importante para dar sequência, porque o enoturismo está crescendo muito e é muito forte por aqui".
Neco Argenta, presidente do Grupo Argenta

Neco Argenta, presidente do Grupo Argenta
BRENO BAUER/JC
Tecnologia aliada às relações humanas
"A inteligência artificial está vindo com toda uma tecnologia que vai trazer uma mudança muito grande, mas não podemos esquecer da parte humana. São dois mundos que vamos precisar conciliar. Eu acho que tem uma tendência de voltar ao passado em certas coisas, com valores e princípios, vemos até restaurantes remetendo às avós. Na nossa marca, também estamos valorizando trabalhar com produtos locais para não depender tanto de fora, montamos uma fiação para isso".
Maria Anselmi, fundadora e CEO da Malharia Anselmi

Maria Anselmi, CEO da Malharia Anselmi
TÂNIA MEINERZ/JC
Investimento em eventos
"A Região da Serra serve de modelo. Na Expoagas, conseguimos dobrar há 24 anos nosso número de expositores, mas desde então não temos como ampliar porque não há mais ampliação das áreas de exposição em Porto Alegre. E isso não acontece aqui no Interior. Tanto Gramado, quanto Bento Gonçalves e Garibaldi ampliaram seus espaços para eventos. O pessoal daqui se mobiliza e faz acontecer. É uma escola para a própria Capital".
Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas)

Presidente da Agas, Antônio Cesa Longo
BRENO BAUER/JC
Alta carga tributária e oportunidade no setor pet
"Um desafio para o nosso segmento é a questão da carga tributária que nós enfrentamos com uma barreira muito forte para que a gente possa avançar mais e o tutor do pet possa ter produtos de qualidade. E uma oportunidade é o setor de pet food, o segmento de animais de estimação está em franca ascensão e para quem faz um trabalho sério, consistente, eu vejo que é uma oportunidade muito grande".
Gerson Smonaggio, sócio-diretor da Nutrire
Mercado exportador e busca por mão de obra
"Como estamos em uma região exportadora, o impacto das tarifas dos Estados Unidos certamente levará empresas a repensarem suas estratégias e isso terá impactos nos empregos e nas receitas, mas ainda precisaremos aguardar o que vai acontecer. Também temos o desafio da mão de obra qualificada, identificado por muitos setores. Nesse ponto, a Universidade de Caxias do Sul tem buscado oferecer cursos principalmente na área de tecnologia da informação".
Fabiano Larentis, sub-reitor da Universidade de Caxias do Sul (UCS) em Bento Gonçalves
Desafios das relações internacionais
"Esta região tem uma alta produtividade na indústria e no agronegócio, mas percebemos que, diante da situação de um tarifaço (medida de Donald Trump que taxou em 50% uma série de produtos brasileiros exportados ao Estados Unidos), mudou muito a dinâmica do negócio. Temos dúvidas se vai haver flexibilidade nas tarifas para produtos daqui, seja no setor mercadista, no polo metal-mecânico ou em outros segmentos. Vemos uma das regiões mais impactadas no Brasil pela política externa e ainda há muitas dúvidas".
Mariana Pimentel, relações institucionais na Ável Investimentos

Mariana Pimentel, relações institucionais da Ável Investimentos
BRENO BAUER/JC
Sustentabilidade econômica
"A demanda dos pequenos negócios, falando pelo Sebrae, é ter uma sustentabilidade econômica e não estar tão atrelado à oscilação e ao câmbio. Como temos muitas indústrias e várias oportunidades de exportação, isso acaba impactando. O grande desafio do pequeno empreendedor é encontrar essas oportunidades, fazer com que elas se tornem realidade e buscar resultados. Enxergamos que a economia está oscilando muito e incertezas políticas impactam como uma cascata em que os pequenos empresários são os mais afetados. Precisamos buscar equalizar isso e trabalhar na gestão dos negócios para termos sustentabilidade no longo prazo".
Gustavo Ângelo Rech, gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado (Sebrae-RS)

Gustavo Rech, gerente regional do Sebrae-RS
TÂNIA MEINERZ/JC
Saúde como negócio
"O desafio que enfrentamos na nossa região é centralizar um ponto focal de soluções, onde possamos oferecer múltiplas respostas em saúde, benefícios, proteções, etc., e as empresas possam acessar. A proposta para isso é a nova ideia da Unimed, que vai reunir soluções em plano de saúde, benefícios, proteções, seguros e outras alternativas de mercado".
Felipe Kochenborger, coordenador da Unimed Serra Gaúcha
"Toda a região da Serra é altamente produtiva com uma capacidade de geração de negócios e de empreendedorismo fantástica. Nesse contexto, cuidar da saúde, incluindo a bucal, é uma oportunidade. Por isso, buscamos trazer as melhores soluções de saúde bucal para essa região, com perspectiva de crescer muito nos próximos anos e ampliar a capilaridade".
Gerson Silva, consultor estratégico da Uniodonto

Gerson Silva, consultor estratégico da Uniodonto
TÂNIA MEINERZ/JC
Inteligência artificial em alta
"Um desafio em qualquer setor, em qualquer local, sempre está relacionado à questão da inovação. A tecnologia vem avançando sempre em todas as frentes e não há setor hoje que não seja impactado por isso. Então, inovar em tempos de inteligência artificial é algo cada vez mais presente. Me parece que é o principal desafio de todos saber identificar de que maneira conduzir e utilizar da maneira adequada as ferramentas de inteligência artificial e tecnologia".
Jorge Ferreira, diretor institucional da 4all Tecnologia
Experiências turísticas diversas
"Na minha percepção, como morador recente na Região da Serra, tem muito espaço para desenvolver o turismo. Aqui em Garibaldi, Carlos Barbosa e Bento Gonçalves, com o Vale dos Vinhedos e os Caminhos de Pedra, tem um turismo com ticket mais alto, uma proposta de exclusividade maior e um turismo de maior poder aquisitivo, com mais natureza e menos tumulto. É uma experiência difernete da oferecida em Gramado. Podemos melhorar a rede hoteleira, a infraestrutura e o transporte para acolher melhor os visitantes".
Nevio Stefainski, head de planejamento comercial na Brasil TecPar
Foco na inovação
"O perfil da região é vocacionado para o turismo e para a indústria. Isso é tanto uma oportunidade quanto um desafio para desenvolver questões de inovação. Como trabalho com telecomunicaçãoes e TI, percebo que existe muita oportunidade de desenvolver polos de inovação. A população daqui tem um perfil extremamente focado, trabalhador e pensando para a frente. Por isso, vejo que existe esse nicho a ser explorado".
Jorge Johann, gerente de relacionamento da Ávato Internet
"A questão tecnológica junto com a inovação deve ser perseguida pra atingir uma performance dos produtos em excelência".
Cláudio Giglio, proprietário da Giglio Advocacia Empresarial
Empreendedorismo em alta
"Essa região é muito pujante e, como promotor do desenvolvimento, o BRDE está presente aqui inclusive fisicamente com uma estrutura para atender a região que se destaca no empreendedorismo. Tnato o banco quanto a participação dos empresários na região é muito relevante e nos trás uma representatividade boa".
Alex Nunes, gerente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE)

Alexander Nunes, gerente regional do BRDE
TÂNIA MEINERZ/JC
Gargalo logístico
"A Serra tem inúmeras economias pujantes - a indústria moveleira, a metalurgia, o vinho, entre outras, que se destacam. Mas temos um entrave que foram todas as catástrofes que impediram o desenvolvimento em uma velocidade maior. A logística sempre foi um desafio para todas as economias da região, e com os acontecimentos dos últimos dois anos, esse problema se agravou."
Daniel Panizzi, presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra)
Vocação turística
Vocação turística
"É preciso passar por cima dessa turbulência nacional e internacional que tem se desenrolado nos últimos dias, para que o empresário não sinta tanto o impacto nas suas exportações para os Estados Unidos. As oportunidades são inúmeras. Ressalto a vocação turística, inclusive a a enogastronômica. De 2 a 26 de outubro, teremos em Garibaldi a Fenachamp, que é a síntese de todo o trabalho desenvolvido durante o ano na cidade."
Carlos Bianchi, presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Garibaldi (CIC Garibaldi)

Carlos Bianchi, presidente da CIC Garibaldi
TÂNIA MEINERZ/JC
"O nosso turismo ainda tem muito a crescer, mesmo tendo se desenvolvido muito nos últimos anos e hoje ser uma referência nacional e estadual. Os governantes e líderes devem pensar no turismo de negócios, que atrai feiras e contribui para o setor. Atualmente, o turismo representa de 30% a 40% da economia de Bento Gonçalves, o que é bem importante."
Emiliano Castaman, diretor de Gastronomia e Turismo do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (SEGH).
Escassez de mão de obra
Escassez de mão de obra
"Além dos problemas de logística que impactam a Serra, temos agora a questão do tarifaço, que afeta muito fortemente empresas exportadoras, como fabricantes de ônibus e carretas, entre outros produtos. Outro grande desafio é a escassez de mão de obra qualificada e disponível. Até então, nós estávamos com uma realidade na Serra Gaúcha de praticamente 10 mil vagas abertas em algumas cidades da região que não conseguiam ser contempladas."
Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do RS.
"O CIEE-RS está engajado em gerar oportunidades e transformar a região através de projetos sociais, além de capacitar e formar mão de obra para a Serra."
"O CIEE-RS está engajado em gerar oportunidades e transformar a região através de projetos sociais, além de capacitar e formar mão de obra para a Serra."
José Flores, gerente do CIEE-RS Caxias do Sul.
"Temos uma dificuldade muito grande em mão de obra, não só no comércio e indústria, mas todo mundo está sofrendo com esse problema, É muito incentivo, muito assistencialismo do governo, das políticas públicas do governo. Claro, somos contrários, mas tem que ter um regramento, porque isso impacta direto no varejo, na ponta da indústria, essa falta de mão de obra"
Marcos Carbone, Vice-presidente da Federação Varejista do RS e presidente da CDL Metropolitano.
Marcos Carbone, Vice-presidente da Federação Varejista do RS e presidente da CDL Metropolitano.
Impactos do tarifaço
"A Serra gaúcha é uma região empreendedora e o desenvolvimento econômico é uma oportunidade para a expansão dos nossos negócios. A Serra gaúcha sabe aproveitar as oportunidades. Os empresários da Serra gaúcha estão apreensivos com o tarifaço. Porém, acreditamos que os países (Estados Unidos e Brasil) voltem a ter relação comercial forte que sempre tiveram."
Leonardo Giordani, diretor da Giordani Turismo e Santo Antônio Transportes
Porto Meridional e Aeroporto
Porto Meridional e Aeroporto
"A realização do Porto Meridional é de extrema importância, assim como o aeroporto da Serra. A nossa região é a segunda mais importante do Estado e não comporta toda a demanda de passageiros e de cargas, dependemos de um deslocamento até a Capital. Os recursos que poderiam ficar na região acabam indo para outros lugares. O entorno poderia crescer junto com o aeroporto e o Porto Meridional, alcançando um desenvolvimento muito grande."
Gilberto Boscato, presidente do Centro Empresarial de Flores da Cunha.
Projeções para 2025
Projeções para 2025
"Nesse nosso momento de muitos desafios, esse ano vai ser mais propício do que os anteriores, quando tivemos pandemia e em 2024 a enchente na pandemia. O ano de 2025 será melhor, apesar dos desafios."
Lindomar Demarchi, presidente da CDL de Garibaldi
Relações internacionais
Relações internacionais
"Vejo como desafio o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que pode facilitar a entrada de produtos importados, causando impactos sobre as vendas de vinhos gaúchos. Nas exportações, a questão da taxação que o presidente Donald Trump impôs pode ser um desafio que o nosso setor vai enfrentar nos próximos meses."
Cristina Carniel, gerente do Consevitis
Comércio
Comércio
"A internet chegou com força, está tirando muito mercado das lojas tradicionais e físicas. O empresário precisa se adaptar a esse novo momento, se vincular a plataformas digitais ou buscar meios próprios ou alinhados com alguma alguma gigante do mercado, porque senão vai sucumbir. A loja física tem que desenvolver experiências para fazer com que o consumidor saia de casa e tenha vontade de ir até a loja para comprar."
Daniel Amadio, presidente do Sindilojas Bento Gonçalves
Protagonismo feminino
'Precisamos ter mais protagonismo de mulheres, com lideranças femininas, para que as empreendedoras realmente tenham mais oportunidades no mercado. Vejo o turismo como uma grande oportunidade para o desenvolvimento da região. Precisamos de uma grande campanha para divulgar mais a Serra Gaúcha, mostrando nossas experiências e empreendimentos para agregar ainda mais a economia."
Tânia Costa, presidente do Fórum da Mulher Empreendedora Gaúcha
Força do trabalho
"São 150 anos da imigração italiana e nossas empresas têm muitos dos valores da imigração italiana. E é por isso que a serra gaúcha dá certo, porque os nossos valores ainda estão presentes no dia a dia das nossas empresas. As adversidades vão existir sim, com certeza. mas tudo é um ciclo. E nesse ciclo, a única coisa que a gente faz mais quando acontece as adversidades é: a gente trabalha mais. É só isso. A diferença é que a gente só trabalha mais. Como bons italianos que somos aqui da nossa região, nunca tivemos medo de vender nosso trabalho"
Marijane Paese, presidente do conselho Superior da CIC Bento Gonçalves e coordenadora da Rota dos Capitéis.