O aquecimento da economia na região se traduz também no número de estabelecimentos de turismo em cada município. Passo Fundo, por exemplo, concentra pelo menos 11 hotéis e pousadas e oito restaurantes cadastrados pelo Observatório do Turismo estadual, com um total de 60 estabelecimentos turísticos, o 12º no Estado. Movimentação diretamente relacionada aos negócios. Mas e quando os negócios têm justamente no turismo um aliado? É o caso de Ametista do Sul.
Com a maior jazida de ametista do mundo e ponto de partida para um produto tipo exportação, o município do Médio Alto Uruguai com menos de oito mil habitantes é o 17º no Estado, com 43 estabelecimentos turísticos, sendo oito hotéis e pousadas e cinco restaurantes. E está em ascensão.
É o que aponta o sócio-diretor da LP Minerais do Brasil, Fernando Piovesan, que é uma das 30 empresas do setor de pedras atuantes em Ametista do Sul. Segundo ele, mesmo que o comércio das pedras mineradas na região tenha 65% do mercado fora do Brasil, 40% do faturamento hoje já é garantido pelo turismo, que muitas vezes também potencializa atrações de regiões próximas, com pacotes casados, por exemplo, ao Parque Estadual do Turvo, com o Salto do Yucumã, ou às águas termais em Iraí.
"Estamos falando de um potencial de triplicar o turismo em cinco anos. Porque estamos usando a família de maneira exemplar, porque fazemos questão de mostrar ao público o que fazemos. As galerias desativadas, por exemplo, se transformam em estruturas turísticas. Imagina que atrativo para as crianças, por exemplo, vir para Ametista do Sul e vivenciar uma espécie de Minecraft", comenta o empresário.
Entre os pontos turísticos que garantem ocupação máxima nos hotéis locais nos finais de semana já estão quatro restaurantes e 22 lojas subterrâneas, em pontos de mineração desativados. Isso sem contar o ponto de encantamento a qualquer turista, a igreja local, que é revestida com 40 toneladas de pedra ametista.
LEIA TAMBÉM: Com atração de investimentos, Missões podem decolar
Mercado de pedras aquecido
Mas, paralelamente ao turismo, o negócio da mineração está aquecido na região De acordo com Piovesan, anualmente a empresa, que teve origem em Ametista do Sul e hoje conta também com loja em São Paulo e fábrica em Taboão da Serra, investe R$ 3 milhões em melhorias.
"A pedra brasileira é uma marca mundial de grande valor. Na fábrica, fazemos o corte, polimento, estrutura de base e temos um dos pontos de exportação ou também de negociação para outras indústrias de transformação das pedras", diz Fernando Piovesan.
As pedras respondem por 100% das exportações de Ametista do Sul, com US$ 11 milhões negociados com o Exterior nos primeiros oito meses do ano, mais de 70% vendidos entre a China e Taiwan. No caso da LP, os produtos chegam a 47 países. No mercado interno, boa parte das negociações acontece com empresas de Soledade, no Alto da Serra do Botucaraí. O município a pouco mais de 200 quilômetros das jazidas de ametista concentra indústrias de transformação de pedras - também adquiridas em outras regiões do Rio Grande do Sul -, e neste ano, é o 31º maior exportador do Estado, mais de US$ 35 milhões negociados em pedras preciosas.
Na base deste mercado há uma produção coletiva e integrada em Ametista do Sul. Na LP Minerais do Brasil trabalham 33 funcionários, entre as jazidas, a cooperativa que concentra os garimpeiros emprega pelo menos 1,1 mil pessoas. Atualmente, o município opera com 182 garimpos credenciados e permanentemente fiscalizados pelos órgãos ambientais, técnicos e pelo Exército.
A partir da cooperativa é que as pedras retiradas do solo são negociadas com as empresas locais.