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Publicada em 23 de Outubro de 2025 às 16:53

Região Norte do RS concentra mais de 70% da produção de suínos gaúcha

Aurora Coop conta com frigoríficos de suínos, em Sarandi

Aurora Coop conta com frigoríficos de suínos, em Sarandi

Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Se o Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor nacional de suínos, na macrorregião retratada neste capítulo do Mapa Econômico está concentrada 71,68% desta produção. De acordo com a Associação dos Criadores de Suínos do RS (ACSURS), foram abatidos 11,3 milhões de suínos no Estado no ano passado - 8,1 milhões neste recorte do Rio Grande do Sul -, com a maior concentração na região do Médio Alto Uruguai - 17,47%. Somente no município de Rodeio Bonito, que tem menos de 7 mil habitantes, foram 266,01 mil suínos abatidos em 2024.
Se o Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor nacional de suínos, na macrorregião retratada neste capítulo do Mapa Econômico está concentrada 71,68% desta produção. De acordo com a Associação dos Criadores de Suínos do RS (ACSURS), foram abatidos 11,3 milhões de suínos no Estado no ano passado - 8,1 milhões neste recorte do Rio Grande do Sul -, com a maior concentração na região do Médio Alto Uruguai - 17,47%. Somente no município de Rodeio Bonito, que tem menos de 7 mil habitantes, foram 266,01 mil suínos abatidos em 2024.
A tendência desta produção na região é de alta. Conforme os dados da Fundesa, até agosto, há aumento de 3,93% nos abates de suínos. É reflexo do mercado nacional e principalmente internacional aquecido. As exportações de carne suína, entre janeiro e agosto deste ano, responderam por 3,7% do volume comercializado pelo Rio Grande do Sul no Exterior, uma alta de quase 30%, totalizando quase US$ 500 milhões negociados em oito meses, principalmente com a Ásia. Somente entre Santo Ângelo, nas Missões, e Santa Rosa, na Fronteira Noroeste, que têm as exportações de carnes suínas como o principal produto vendido a outros países, foram negociados US$ 145 milhões neste período.
Nos dois municípios estão instaladas justamente as plantas industriais da Alibem. A empresa gaúcha exporta para 20 países e tem o quinto maior volume de abates do Brasil. São oito mil suínos abatidos diariamente, com a produção, no ano passado, de 165,6 mil toneladas de carne suína in natura.
O maior volume produzido no Estado é da JBS, com 300 mil toneladas por ano, tendo unidades de suínos em Seberi, no Médio Alto Uruguai, e Três Passos, na região Celeiro, além de Caxias do Sul, na Serra.
Ao todo, entre os 57 frigoríficos de suínos, aves ou bovinos ativos no Estado, 12 estão neste eixo norte, com um mercado cada vez mais aberto aos investimentos industriais que vêm de fora do Rio Grande do Sul. Além da JBS, que também opera uma indústria de aves em Passo Fundo, a BRF tem unidades de aves em Marau, a Vibra, em Soledade, e a paranaense Somave, em Passo Fundo. Já a Aurora Coop, de Santa Catarina, atua nas duas frentes - suínos e aves - na região. São dois frigoríficos de suínos, em Sarandi e em Erechim, e outros dois dedicados ao abate de aves, também em Erechim e em Tapejara, na região Nordeste.
"Estamos com presença crescente no Rio Grande do Sul, com oito mil pessoas empregadas e três mil produtores associados entre aves e suínos. Iniciamos por Sarandi e acabamos absorvendo as produções de quatro cooperativas locais. Com o tempo, passamos a produzir nós mesmos, com uma cadeia produtiva estabelecida no Estado", conta o presidente da Aurora, Neivor Canton.
Em Erechim, por exemplo, a entrada da cooperativa catarinense representou um socorro aos então associados da Cotrel, e em Tapejara, a unidade industrial foi adquirida da Agrodanieli.

Verticalização garante mais investimentos

Neivor Canton diz que a escolha pelo investimento no RS se dá em razão dos potenciais a serem explorados

Neivor Canton diz que a escolha pelo investimento no RS se dá em razão dos potenciais a serem explorados

Divulgação/JC
"O nosso trabalho acabou se estabelecendo no Rio Grande do Sul porque o modelo cooperativista é exemplar. Gostamos de dizer que o gaúcho é um produtor muito dedicado. E o setor tem aplicado cada vez mais, como já era comum na produção de aves, a verticalização total da produção de suínos, e a parceria com os gaúchos se mostrou muito boa. É uma relação ganha-ganha", garante Canton.
A verticalização das cadeias produtivas de proteína animal tem garantido ganhos para a região que vão além da compra da produção e dos frigoríficos. Evoluem também as plantas industriais de ração animal. Somente entre os grupos que industrializam suínos e frangos, quatro têm ou expandem fábricas de rações.
No caso da Aurora Coop, são aportados R$ 90 milhões neste ano para erguer, às margens da ERS-311, em Erechim, uma nova fábrica dedicada à nutrição animal aos seus produtores associados. A nova indústria, que vai substituir com ampliação da capacidade produtiva a planta anterior, herdada da Cotrel, terá capacidade de produzir 350 mil toneladas de rações por mês, com um complexo de quatro silos para armazenagem de grãos com capacidade de 40 mil toneladas de estocagem.
Serão gerados 80 empregos diretos e 240 indiretos na região. Com a produção a pleno, a cooperativa estima chegar a até 400 empregos.  Hoje, além da antiga unidade que era da Cotrel, em Erechim, a Aurora também produz ração em Tapejara. Ao todo, produz 250 mil toneladas por mês.
A maior fatia dos aportes totais de R$ 318 milhões da cooperativa catarinense no Rio Grande do Sul este ano, porém, concentra-se na otimização da sua produção de aves, em Tapejara. São R$ 203 milhões dedicados à duplicação da capacidade produtiva da planta industrial nos próximos dois anos. A produção saltará de 150 mil aves por dia para 300 mil. Outros R$ 25 milhões são aplicados na melhoria dos sistemas de refrigeração da unidade.
E Erechim, a produção de aves também terá acréscimo de 25% em relação aos atuais 130 mil abates por dia.
"Há muitos potenciais a serem explorados, por isso a nossa escolha pelo investimento no Rio Grande do Sul. Estamos prospectando mercados como o árabe", conta o presidente da cooperativa.
Hoje, a exportação de carnes de aves não figura entre os principais produtos exportados pelos municípios deste recorte do Rio Grande do Sul.

Raio x

- 71,68% da produção de suínos no Rio Grande do Sul está na região
- São 17,47% de toda a produção de suínos no Estado no Médio Alto Uruguai
Produção de suínos:
- Rodeio Bonito: 266,01 mil animais abatidos
- Palmitinho: 257,3 mil animais abatidos
- Aratiba: 220,1 mil animais abatidos
- Santo Cristo: 218,4 mil animais abatidos
- Nova Candelária: 211,6 mil animais abatidos
(FONTE: ACSURIS, 2024)
Frigoríficos de suínos:
- Sarandi (Aurora)
- Frederico Westphalen (Irmãos Dallacosta)
- Seberi (Seara/JBS)
- Três Passos (Seara/JBS)
- Sananduva (Cooperativa sananduva)
- Santo Ângelo (Alibem)
- Santa Rosa (Alibem)
- Estação (Cooperativa Getúlio Vargas)
- Erechim (Aurora)
- São Luiz Gonzaga (Alimentos Estrela)
- Vila Lângaro (Cooperativa Santa Clara)
(FONTE: Fundesa)
Produção de frangos:
- Constantina: 315 mil cabeças
- Erebango: 315 mil cabeças
- Vila Maria: 254,8 mil cabeças
- Caseiros: 242,4 mil cabeças
- Aratiba: 170 mil cabeças
(FONTE: IBGE, 2024)
Frigoríficos de frango:
- Erechim (Aurora)
- Passo Fundo (JBS, Somave)
- Miraguaí (Mais Frango)
- Tapejara (Aurora)
- Marau (BRF)
- Soledade (Vibra)
(FONTE: Fundesa)

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