Considerado um polo logístico diferenciado na Região Metropolitana, Cachoeirinha viu-se encurralada pelas águas durante a cheia de 2024. Foram oficialmente 13,5% da área do município atingidas, com 12,3 mil moradores (9,1% da população) afetados em suas moradias e 1,4 mil CNPJs (9,3% das empresas) prejudicadas diretamente, conforme o Mapa Único do Plano Rio Grande. No entanto, os prejuízos foram maiores, especialmente logísticos. A cheia interrompeu a principal ligação urbana do município com Porto Alegre, entre as avenidas Flores da Cunha e Assis Brasil, e isso motivou o governo municipal a correr atrás de recursos para elaborar o plano Cachoeirinha 2050.
Em maio, o prefeito Cristian Wasem anunciou a busca de um financiamento de US$ 88 milhões - equivalente a mais de R$ 470 milhões - junto ao Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura (AIIB), e entre os projetos apresentados aos potenciais financiadores foi incluído o início do traçado da ERS-010, com aportes previstos de R$ 25 milhões, na nova estrada que o governo local batizou como Eletrovia, pelo projeto de incluir pontos de recarga para veículos elétricos, iluminação LED e drenagem inteligente no trecho que ligará a Capital, a partir da BR-290 (Freeway), à ERS-118, passando pelo município às margens do rio Gravataí.
"Nem um dilúvio poderá interromper o tráfego logístico da cidade", comentou, à época, o prefeito. E este teria sido um dos fatores decisivos para que fosse confirmada Cachoeirinha como destino para a unidade da Tellescom. É que, além de garantir o fluxo sem cruzar por avenidas urbanas, a futura 010, com traçado pelo município, formaria uma espécie de dique no Rio Gravataí, à exemplo do que aconteceu na época da construção da Freeway.
Para viabilizar o projeto no trecho do município, caberá ao Governo do Estado a cessão de parte da área do IRGA.
A obra anunciada pelo governo local ainda não saiu do papel, mas serviu como uma garantia política. Tanto é que, em outubro, ao anunciar o modelo para o Bloco 1 de concessão de rodovias do Estado, o governador Eduardo Leite incluiu a ERS-010 como única nova rodovia na região, com o traçado por Cachoeirinha, algo que antes era tratado como duvidoso. Conforme o plano do Estado, a nova rodovia terá pista dupla, dois sentidos de circulação e 41,4 quilômetros de extensão entre o entroncamento com a Freeway, em Porto Alegre, e a ERS-239, em Sapiranga, no Vale do Sinos, tornando-se uma alternativa à BR-116. Além dos dois municípios, o traçado incluiu Canoas, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Campo Bom. São projetados três pontos de pedágio na futura rodovia, em Cachoeirinha, Sapucaia do Sul e Campo Bom.
Ao todo, o Bloco 1 de concessões prevê repassar à iniciativa privada 454,04 quilômetros, a maior parte entre as regiões Metropolitana, Vale do Sinos e Litoral Norte. O Estado projeta investir R$ 1,5 bilhão nesses trechos, com recursos do Funrigs, e outros R$ 6,4 bilhões privados em 30 anos. Faz parte do bloco a duplicação da ERS-118 entre Gravataí e Viamão, passando por Alvorada, obra considerada fundamental para destravar projetos de desenvolvimento na região. A rodovia já é duplicada entre Sapucaia do Sul e Gravataí. Essa será a única estrada do Bloco 1 que não tem previsão de cobrança de pedágio no projeto apresentado pelo governo.