O slogan usado por Gravataí, de "melhor cidade para morar e investir" não é à toa. E tem sido a tendência entre os municípios da Região Metropolitana de olho também nas contas públicas. Com a Reforma Tributária, garantir a aquisição e transações de imóveis, como acontece com os grandes centros logísticos, e estimular novos loteamentos, acompanhados de infraestrutura local, podem garantir o consumo no município.
"Os efeitos da reforma começam a nos atingir a pleno em 2027, unindo o ICMS e o ISS em um único imposto, que passa a ir para a União e depois é redistribuído entre os municípios, levando mais em conta o consumo do que a produção. Na prática, o IPTU e o ITBI, que não são unificados neste momento, continuam na gestão dos municípios., serão as nossas fontes de arrecadação mais importantes e diretas. Estimular a formação de um parque logístico, que contribuirá com o IPTU, aquece a construção e garante a movimentação da nossa economia", explica o secretário municipal da Fazenda, Davi Severgnini.
Conforme a última divulgação do PIB municipal, de 2021, Gravataí caiu para o nono lugar entre as maiores economias do Rio Grande do Sul, como resultado direto da pandemia na indústria. O governo municipal estima que, no ano seguinte, já retomou o posto de quarta maior economia estadual. No entanto, para que se tenha uma ideia, neste ano o município, que tem 40% da sua arrecadação vinculada ao complexo da GM e tem um parque industrial potente, registra uma queda de 37% na atividade industrial, como reflexo direto de dois meses de layoff da montadora. Isso representa perda de arrecadação no atual modelo tributário.
E Gravataí fez o dever de casa. Hoje, são oito condomínios logísticos, industriais e comerciais em operação no município, que passaram a se instalar na cidade especialmente a partir da duplicação da ERS-118 Neste ano, por exemplo, a LOG Commercial Properties ergue o seu segundo condomínio logístico no eixo da ERS-118, que deve estar operando no início de 2026, com 46 mil metros quadrados e investimento de R$ 103 milhões. A cidade é considerada estratégica nos planos de expansão da empresa, que instalou o seu primeiro centro logístico em 2021. Este condomínio foi negociado com a XP LOG, resultando também em arrecadação direta ao município.
"Lá atrás, quando estabelecemos essa estratégia de atração do setor logístico, colocamos em prática uma política de isenção de cinco a dez anos no IPTU. Agora, aqueles primeiros condomínios logísticos começam a contribuir com o tributo, e também mais adiante resultarão em arrecadação garantida para investimentos em infraestrutura na cidade", diz o secretário.
O município já iniciou a duplicação de alguns trechos da ERS-030, e o plano é seguir com a abertura de uma nova perimetral naquele lado da cidade para garantir a expansão imobiliária com planejamento.
Desde a cheia do ano passado, na qual Gravataí foi muito pouco atingida, são outros 11 condomínios em execução no município. Quando eles estiverem prontos, Gravataí terá 686 metros quadrados em áreas de condomínios logísticos. Um crescimento que também se reflete no mercado imobiliário. Até outubro, eram 22 novos condomínios e loteamentos residenciais em análise pelos órgãos municipais, e outros 15 novos em construção. O município contabiliza, desde 2022, 1 milhão de metros quadrados em novos loteamentos na cidade, com investimentos estimados pela iniciativa privada que chegam a R$ 2,6 bilhões -- o dobro do orçamento municipal deste ano, de R$ 1,3 bilhão.