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Publicada em 17 de Novembro de 2025 às 00:25

Polo exportador de calçados mira em preservar o mercado dos EUA

Campo Bom, sede da Usaflex, registrou quase 40% de aumento no volume de exportações para os EUA em setembro em relação ao ano passado

Campo Bom, sede da Usaflex, registrou quase 40% de aumento no volume de exportações para os EUA em setembro em relação ao ano passado

Usaflex/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Com um olho na manutenção do prestígio em construção nos últimos anos no mercado dos Estados Unidos diante do tarifaço imposto pelo governo Trump e outro na possibilidade de levar o know-how construído com os norte-americanos para outros mercados promissores. É desta forma que os integrantes do The South Base Calçados, programa que conta com 100 empresas e sindicatos setoriais dos vales do Sinos e Paranhana, tem se movimentado no cenário internacional para a tradicional produção calçadista da região.
Com um olho na manutenção do prestígio em construção nos últimos anos no mercado dos Estados Unidos diante do tarifaço imposto pelo governo Trump e outro na possibilidade de levar o know-how construído com os norte-americanos para outros mercados promissores. É desta forma que os integrantes do The South Base Calçados, programa que conta com 100 empresas e sindicatos setoriais dos vales do Sinos e Paranhana, tem se movimentado no cenário internacional para a tradicional produção calçadista da região.
À exceção de Campo Bom, que em setembro registrou quase 40% de aumento no volume de exportações para os Estados Unidos em relação a setembro do ano passado, o comparativo dos negócios dos calçadistas com aquele país sofreu queda em setembro. Em Estância Velha, as exportações para os Estados Unidos caíram 91,2% em relação a setembro de 2024. Em Dois Irmãos, a queda foi de 22% e em Novo Hamburgo, que já negociou, considerando todos os setores da economia, US$ 39 milhões neste ano com os Estados Unidos, somente US$ 2,7 milhões em setembro, com uma queda de 7,4% em relação ao mesmo mês do ano passado.
"A maior parte das empresas envolvidas nessa relação com o mercado norte-americano trabalham em private label, produzindo para outras marcas. Torna-se um produto quase sob medida, e quando se corta essa relação, o prejuízo aumenta e a produção diminui. Duas empresas fecharam na região, mas nós seguimos atuando a todo vapor. Está no nosso horizonte criarmos um arranjo produtivo para valorizar o que temos de melhor na produção calçadista da região, e temos trabalhado para abrirmos outros mercados, como Canadá e Emirados Árabes, sem abandonarmos os Estados Unidos, que é o maior mercado consumidor dos nossos calçados fora do Brasil", avalia o conselheiro do programa, Fauston Saraiva.
Desenvolvido a partir de uma parceria com o Sebrae, o The South Base Calçados é desenvolvido dentro do ambiente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos. A definição dos Estados Unidos como o parceiro mais almejado para a região se explica historicamente. Entre os anos 1970 e 1980, 76% das importações dos calçadistas norte-americanos eram brasileiras e, especialmente, gaúchas. Hoje, fica entre 2% e 3%.
"Calçados femininos em couro são a maioria dos nossos produtos exportados, e já se tornaram a identidade do calçado brasileiro lá fora", explica Saraiva.
Conforme a Abicalçados, o Rio Grande do Sul é o segundo estado brasileiro com maior produção calçadista. Foram 202,9 milhões de pares em 2024. Só no Vale do Sinos, foram produzidos 99 milhões de pares no ano passado. É o maior polo produtor gaúcho, e exportou, em 2024, US$ 341,3 milhões, sendo 33% para os Estados Unidos. Um mercado que vinha em crescimento, com alta de 6% nas negociações em relação a 2023.
O Rio Grande do Sul também é o estado que mais emprega na indústria calçadista. No Vale do Sinos estão quatro municípios entre os 20 maiores empregadores do setor.

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