Na trilha da inovação em diversas frentes na macrorregião retratada neste capítulo do Mapa Econômico, Guaíba, na Região Metropolitana, está mais próxima de se concretizar como a referência na inovação, pesquisa e produção no setor aeronáutico. A pedra fundamental do Aero Centro Integrado de Tecnologia e Inovação (Aerociti) foi lançada em outubro no terreno onde, na década de 1990, a cidade teve a esperança de contar com a fábrica da Ford. Até 2027, deverá ser finalizada a pista de 1,4 mil metros e uma fábrica de aeronaves. A pista, inclusive, é encarada como um backup para o Aeroporto Salgado Filho e uma alternativa importante para a aviação executiva e o transporte de cargas.
Nesta etapa do projeto, são desembolsados R$ 300 milhões. Em dez anos, a perspectiva é de R$ 3 bilhões em investimentos. Deste valor, afirma o CEO da Aeromot, Guilherme Cunha, R$ 1 bilhão deve ser aportado nos próximos cinco anos, e aí, a parte fundamental para que o hub idealizado pela empresa mineira se consolide. Estão previstos os hangares, a construção do centro de pesquisa, do hub de inovação, a finalização da fábrica e o desenvolvimento da praça pública.
"É uma vocação do Rio Grande do Sul. Foi daqui que partiram pessoas e tecnologias para transformar a aviação no Brasil e no mundo", diz Cunha.
Segundo ele, o centro de pesquisas será voltado tanto para tecnologias sustentáveis para aeronaves e combustíveis para a aviação, quanto para a formação de talentos. O plano da Aeromot é reunir oito universidades no Aerociti e, principalmente o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), localizado em São José dos Campos, com o qual será firmado um protocolo de intenções para ampliar a colaboração.
A partir de 2027, Guaíba deverá ter o início da produção de aeronaves da empresa Diamond, com a comercialização a partir de 2028. Há ainda parceria com a Leonard Helicópteros. Paralelamente, a Aeromot desenvolve um projeto com apoio da Finep para a criação da AMT X, a primeira aeronave movida a etanol no mundo, com produção 100% nacional.
De acordo com o prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, o Aerociti é a cereja do bolo em um projeto de desenvolvimento e qualificação da cidade.
"Hoje, por exemplo, temos em Guaíba um complexo com 230 engenheiros da TKE (fabricante de elevadores) que desenvolvem tecnologia e inovação para o mundo inteiro. Com a Aeromot aqui, teremos ainda mais tecnologia envolvida, que vai além de Guaíba", aponta.
Segundo Maranata, além da fábrica de aeronaves e o desenvolvimento de tecnologia dentro do Aerociti, o projeto motivará ainda a aproximação de empresas sistemistas para Guaíba e municípios vizinhos. Este também é o plano do CEO da Aeromot, Gustavo Cunha, que prevê a nacionalização gradual da produção, com fabricantes de peças e componentes locais sendo desenvolvidos a partir do complexo.
E de quebra, como salienta Maranata, o município pode se consolidar como a sede do primeiro aeroporto exclusivamente de cargas do Rio Grande do Sul.