Os dados do Mapa Único do Plano Rio Grande mostram que 45,4% da população de Canoas e 38,9% dos CNPJs da cidade foram diretamente atingidos pela enchente de 2024. Situação que obriga o município a renovar o planejamento para atração e instalação de novos negócios.
"É verdade que algumas empresas deixaram o município e migraram para municípios vizinhos, e também mudanças entre bairros de Canoas. Temos feito esse levantamento mais detalhado, mas não houve um êxodo como se imaginava depois da cheia. Inclusive, temos um bom volume de abertura de novas empresas neste ano. Até agosto, são 8,7 mil novos CNPJs, com 6,8% industriais. Somos o terceiro município com maior volume de novos CNPJs no ano, somente atrás de Porto Alegre e Caxias do Sul", comenta a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Patrícia Augsten.
Entre as possíveis novas empresas a serem instaladas em Canoas está a Termolar, que deve deixar Porto Alegre, e a metalúrgica Multisider tem previsão de início das obras de novas instalações em novembro. A empresa de logística de grãos Bianchini, que chegou a cogitar deixar Canoas após a enchente, a partir de uma negociação com o governo local, manteve-se no município.
Segundo a secretária, desde o começo do ano o município tem trabalhado na desburocratização de processos, por exemplo, com a implantação do alvará online em setembro.
"Temos o Fundecan, que é a lei municipal para atração de investimentos e expansão aos já existentes, com isenção de impostos. Nosso trabalho tem sido de apresentar e aproximar essa situação às empresas, além de estimular à busca pelo Fundopem", explica a secretária.
A região oeste do município, onde estão instaladas empresas como a AGCO, Midea e empresas de operação logística, entre os bairros Industrial e São Luís, foi a mais atingida pela inundação. Há disponibilidade de áreas e, segundo a secretária, muitas empresas interessadas. No entanto, enquanto não se concretizam estruturas de proteção, como diques, quem adquire terrenos assina um termo de consciência de risco na área.
Por isso, a prioridade tem sido destravar outras áreas industriais. No caso do distrito industrial Jorge Lanner, há dois terrenos disponíveis e 21 empresas instaladas. No governo anterior, parte da área, com 32 hectares, havia sido convertida para uso residencial. Agora, essa decisão foi revogada, retomando a vocação industrial aos terrenos para a segunda fase do Jorge Lanner. O município estuda modelagens para garantir a infraestrutura da área e, aí sim, abrir a possibilidade de novas instalações industriais.
A prioridade na nova expansão industrial de Canoas em áreas sem risco de cheias, porém, está na concretização, depois de quase uma década, do Parque Canoas de Inovação. Com uma área total de 216 hectares, já foi definido que a chamada quarta fase do projeto, com 62 hectares, deixará de ter a característica exclusiva de parque de inovação, abrindo a possibilidade para instalações de empresas de outros setores produtivos. Agora, são preparados 22 hectares para a segunda fase do PCI.
A primeira fase, com 17 hectares, já tem todas as áreas ocupadas ou com previsão de instalações. Neste ano, três empresas já migraram para a cidade e confirmaram instalações nesta concentração industrial. São os casos da Eirene Solutions, que atua em soluções para agronegócio, com investimento de R$ 50 milhões, a Restart, que desenvolve inovações eletroeletrônicas e deixará o Quarto Distrito, em Porto Alegre, e a Tecnoflex, também do setor eletroeletrônico, que troca Cachoeirinha por Canoas. Por outro lado, o Quântico Data Center, que havia recebido quatro terrenos em 2019, abandonou as obras e não tem perspectiva de retomada. O município busca a retomada da área.
"Desde 2018 a gestão do PCI seguia sendo feita pelo município, diferente do que era previsto para este empreendimento. Agora, conseguimos avançar e a gestão será em tríplice hélice, com um instituto de ciência e tecnologia, vinculado a uma universidade, para essa gestão", comenta a secretária.
O conselho de gestão foi finalmente criado em outubro, e deverá abrir o edital para a definição da universidade que será parceira do PCI.
"O PCI é uma grande aposta de Canoas. Está entre os materiais divulgados pelo Invest RS no Brasil e no Exterior, e temos levado a todas as oportunidades, como o South Summit e a Mercopar", diz Patrícia Augsten.