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Publicada em 21 de Novembro de 2025 às 16:30

Indústria eletrônica da região dribla o tarifaço e aquece a cadeia de semicondutores

Com 230 funcionários, a Novus produz controladores e dataloggers

Com 230 funcionários, a Novus produz controladores e dataloggers

Novus/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
A estratégia de desenvolvimento regional como polo de semicondutores encontra em Canoas uma mola propulsora. No ano pós-cheia, que deixou inundado 51,5% do território da cidade, o município teve, nos primeiros nove meses de 2025, crescimento de 58,9% no volume de exportações - a variação mais positiva na macrorregião -, tendo comercializado US$ 348,1 milhões com outros países. É o 12º principal município exportador do Rio Grande do Sul no ano.
A estratégia de desenvolvimento regional como polo de semicondutores encontra em Canoas uma mola propulsora. No ano pós-cheia, que deixou inundado 51,5% do território da cidade, o município teve, nos primeiros nove meses de 2025, crescimento de 58,9% no volume de exportações - a variação mais positiva na macrorregião -, tendo comercializado US$ 348,1 milhões com outros países. É o 12º principal município exportador do Rio Grande do Sul no ano.
A indústria de eletrônicos, que tem o desenvolvimento de semicondutores como peça fundamental, responde por metade dessa movimentação com o Exterior. Neste setor, o tarifaço não deixou estragos, ao contrário, a balança comercial de Canoas com os Estados Unidos teve alta de 132% nas vendas nos primeiros nove meses do ano. Entre as exportações, 62,1% tiveram como destino os Estados Unidos.
Entre as expoentes no setor e nas negociações com  o Exterior está a Novus, que tem 45% dos seus negócios justamente fora do Brasil. O momento de alta tem dado suporte, por exemplo, à expansão da empresa no Parque Canoas de Inovação. De acordo com o CEO da Novus, Marcos Dillenburg, serão investidos, entre este ano e 2026, R$ 15 milhões para ampliar a área construída da empresa. Outros R$ 4 milhões são aportados neste ano em processos de automação da produção.
"O nosso projeto é de termos uma indústria com 11 mil metros quadrados. Já executamos seis mil e, neste investimento, avançaremos mais quatro mil metros quadrados", explica Dillenburg.
Com 230 funcionários, a Novus produz controladores e dataloggers para indústrias que vão do setor de maquinário a alimentos, químicos e farmacêuticos. Todos com alta demanda por equipamentos cada vez mais tecnológicos. Garantir um ecossistema de inovação, com capacidade de engenharia, por aqui é considerado essencial pelo empresário para continuar colhendo os frutos além do Brasil. A Novus é uma das empresas parceiras do ITT Chip, em São Leopoldo.
"Iniciamos a relação com o ITT Chip há quatro anos, inclusive com o custeio de uma bolsa de mestrado, na área de encapsulamento de circuito integrado. Desenvolvemos a partir do ITT um sensor de pressão totalmente feito no Brasil, com técnicos de encapsulamento de chips que estamos desenvolvendo neste momento. Somos parte ativa do programa estadual de semicondutores, com outras pesquisas também em desenvolvimento junto à UFRGS e à UFSM", detalha.
E se o desenvolvimento de produtos tecnologicamente diferenciados é fator competitivo, plantar raízes e cultivar permanentemente as relações no mercado são elementos igualmente decisivos nessa balança.
Como Dillenburg diz, no Brasil, com uma rede de 60 distribuidores, é difícil encontrar alguma empresa que não tenha algum produto da Novus. Fora do Brasil, a empresa começou a atuar há 30 anos, e está presente em pelo menos dez feiras internacionais por ano. Uma média retomada a partir de 2023, quando acabou a pandemia. Neste ano, o dirigente ainda planeja estar em feiras na Colômbia e na China.
"É claro que houve um impacto com o aumento da tarifa, mas o nosso produto não tem a rejeição dos chineses, por exemplo, nos Estados Unidos. Nos consolidamos com uma rede de distribuidores forte. Quando a tarifa saltou dos 10%, que estávamos absorvendo, para 50%, fizemos uma operação de guerra para entregar o mais rápido possível os produtos para a nossa unidade nos Estados Unidos, antes da entrada em vigor da taxa, com a garantia de estoque para quase quatro meses", conta  Marcos Dillenburg.
Depois desse carregamento, porém, a Novus já enviou uma nova carga, com a divisão do prejuízo com os compradores. A margem de lucro no Brasil teve uma redução em torno de 15%, mas a percepção, segundo Dillenburg, é de que há ainda espaço para avançar.
"Alguns fabricantes de máquinas, inclusive, nos agradeceram por termos aumentado pouco o valor do nosso produto, que é essencial na produção deles", afirma.
Sindicato das Indústrias Metalmecânicas e Eletroeletrônicas de Canoas e Nova Santa Rita (Simecan) tem em torno de 20% das 107 indústrias associadas atuantes no setor eletroeletrônico. Entre elas, por exemplo, está a Prolec, que produz transformadores. Isoladamente, este setor mais do que dobrou as exportações nos primeiros nove meses do ano em relação ao mesmo período em 2024.
"O que verificamos nos números das exportações do setor é resultado de um trabalho de longo prazo, de relação entre fornecedor e cliente. Os nossos produtos passaram a ser fundamentais, com isso, o cliente não deixa de comprar. Foi um momento de oportunidade que as indústrias eletrônicas aproveitam", explica o presidente do Simecan, Roberto Machemer.
A média de produtos exportados pela Novus não é exceção. Todo o setor em Canoas, segundo Machemer, exporta entre 40% e 50%, e investe permanentemente em inovação.
Por outro lado, como reforça o presidente da entidade, quem atua no fornecimento para a indústria nacional, não tem encontrado cenário fácil. Machemer dirige a Construções Elétricas, especializada na produção e montagem de motores elétricos para a indústria.
"Nosso foco é o mercado nacional, com alguma coisa negociada na Argentina e Peru, mas acabamos atuando praticamente sob encomenda para a indústria, e aí, temos sofrido com a entrada dos produtos chineses no mercado e com as variações de outros setores industriais, como cervejarias, automobilísticas, que são nossas clientes, em baixa", comenta Machemer.

Exportações por município (janeiro a setembro):

- Porto Alegre (4º no RS): movimentou US$ 872,9 milhões, com redução de -15,2% em relação a 2024. 57,5% das exportações em grãos de soja, mesmo triturada.
- Guaíba (5º no RS): movimentou US$ 776,8 milhões, com redução de -11% em relação a 2024. 85,9% em celulose.
- Triunfo (7º no RS): movimentou US$ 695,9 milhões, com redução de -5,2% em relação a 2024. 99% em produtos químicos e petroquímicos.
- Gravataí (10º no RS): movimentou US$ 455,9 milhões, com crescimento de 27,4% em relação a 2024. 62,5% em automóveis e peças.
- São Leopoldo (11º no RS): movimentou US$ 390,6 milhões, com crescimento de 17,4% em relação a 2024. 60% em partes de motores, ferramentas e aparelhos mecânicos, 21,7% em armas e munições.
- Canoas (12º no RS): movimentou US$ 348,1 milhões, com crescimento de 58,9% em relação a 2024. 49,8% em transformadores elétricos, conversores e equipamentos elétricos, 17,2% tratores e peças, 17,2% coque de petróleo e óleo de petróleo.
- Novo Hamburgo (19º no RS): movimentou US$ 125,9 milhões, com crescimento de 2,5% em relação a 2024. 56,4% em calçados e partes de calçados.
- Sapiranga (21º no RS): movimentou US$ 110,3 milhões, com redução de -5,8% em relação a 2024. 91% em calçados e partes de calçados.
- Dois Irmãos (33º no RS): movimentou US$ 73,7 milhões, com crescimento de 11,5% em relação a 2024. 83% em calçados e partes de calçados.
- Estância Velha (37º no RS): movimentou US$ 67,8 milhões, com crescimento de 10,2% em relação a 2024. 40% em couros, 24,5% em glicerol.
- Esteio (41º no RS): movimentou US$ 58,7 milhões, com crescimento de 21,7% em relação a 2024. 34% em preparações alimentícias, 26,2% em peptonas e hidróxido de amônia, 18% em vassouras e escovas.
- Cachoeirinha (45º no RS): movimentou US$ 44,7 milhões, com crescimento de 41,6% em relação a 2024. 62% em máquinas e aparelhos.
(FONTE: Ministério do Comércio Exterior)

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