Lideranças debatem desenvolvimento econômico da Região Central

Lajeado foi a segunda cidade a receber a terceira edição do Mapa Econômico do RS. O evento, realizado na Associação Comercial e Industrial do município na quinta-feira (11), reuniu uma centena de lideranças políticas e empresariais locais e estaduais para debater as oportunidades e desafios do desenvolvimento econômico das Regiões Vale do Taquari, Vale do Jaguari, Vale do Rio Pardo, Região Central e Jacuí Centro. 

"Se olharmos dentro do nosso setor, financeiro e de gerenciamento, vemos que a região está em crescimento e busca por isso. Então, vemos que é um segmento que tem muito a crescer na cidade e na região. Temos oportunidades de ajudar diversos parceiros, alguns que estão passando por momentos mais delicados e outros com prosperidade. Precisamos ajudar no desenvolvimento das empresas."

"Temos ferramentas de crédito, que são importantes uma vez que a taxa de juros (Selic) está chegando a 15% no Brasil. Tenho certeza, que todos os empresários vivem um momento em que ganhar da taxa de juros nos seus negócios é muito difícil. E por isso é preciso ter bons parceiros para crédito, conseguir ferramentas de crédito para alongar as dívidas e capital para fazer o negócio funcionar e ter sucesso."

"Como fomos atingidos por essas enchentes, tem muitas rodovias que ainda precisam de recuperação. Temos que trabalhar unidos para ter mais uma ponte sobre o rio Taquari. Outra demanda dessa região é por melhores rodovias. A duplicação da BR-386 é muito importante. A obra está demorada, mas sabemos que faz parte do processo. Também precisamos duplicar a rodovia que liga Venâncio Aires a Encantado, que tem bastante fluxo."

"O que é relevante aqui, é que, além de ser um ecossistema comercial, industrial e educacional, Lajeado hoje é um centro gravitacional de toda a região. A grande Lajeado, que podemos incluir Estrela, Teutônia, Encantado e Bom Retiro do Sul, toda essa região, tem em torno de 400, 500 mil pessoas com um poder econômico e um empreendedorismo único. É uma região pujante, pioneira e de protagonismo e nós da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha temos vários associados locais."

"Temos o projeto da hidrelétrica de Bom Retiro, que trará, com certeza, um alto potencial de desenvolvimento para o nosso Vale do Taquari. Porque vai fornecer energia para o vale e, ficando a nossa energia aqui, o investimento e os recursos também ficam aqui e serão reaplicados. Fomos afetados pela enchente, mas, devagarzinho, estamos conseguindo recuperar nossos ativos. Vamos começar as obras em agosto deste ano, com clusão prevista dos trabalhos para os próximos três anos."

"A nossa região está com um crescimento bem importante, muito puljante do ponto de vista da indústria, do setor alimentício e da construção civil. Mas somos prejudicados pela falta de infraestrutura, principalmente após a enchente, incluindo rodovias, travessias, pontes e viadutos. Acho que as entidades estão empenhadas em resolver isso para não ficarmos tão suscetíveis a esse tipo de interpéries. Mas outra coisa é a falta de mão de obra. É algo que a gente escuta falar em todas as regiões, mas aqui sentimos na pele de um jeito que jamais foi vivenciado. Houve um crescimento populaconal, mas não de mão de obra. E não é só de pessoas qualificadas. Existem muitas oportunidades de emprego para quem não tem experiência, mas, mesmo assim, as vagas não estão sendo supridas." 

“A gente hoje enfrenta uma crise de talentos. Hoje, estamos numa situação de pleno emprego, com vagas distribuídas em todas as empresas e com uma dificuldade de trazer as nossas empresas para o patamar de competitividade e mantê-las crescendo devido à falta de pessoal.”

Joni Zagonel, presidente da ACIL

Formação profissional

"Um grande desafio não só nas nossas regiões, mas no País como um todo é a formação de mão de obra qualificada. Precisaríamos pensar em sistemas que incentivassem mais a educação formal. E termos parcerias em universidades, o setor público e o setor privado para, de fato, alcançar ao setor produtivo pessoas com alta capacidade de transformar ideias em PIB (Produto Interno Bruto)."

“Não somente na inovação, mas como um todo, a questão dos talentos, da mão de obra, da pesquisa e do conhecimento, é fundamental. Precisamos trabalhar para ter profissionais extremamente capacitados no presente e no futuro. É importante cada vez mais trabalhar com essa questão e também fazer esse link entre universidade e empresa, para que inovação esteja também na pesquisa, mas que ela seja aplicada em prol do empresariado, em prol do PIB”

Fernanda Ost – gestora de Inovação e Tecnologia do Inova RS na região dos Vales

"Eu acredito bastante na união dos empresários para vencer os nossos desafios, que são econômicos principalmente, até pelo que a região passou recentemente e vem enfrentando ainda com as enchentes. Mas com união, todo mundo consegue dar a volta e encontrar a melhor solução."

“Nossos principais desafios ainda estão no aspecto da reconstrução. Nós, com todas as catástrofes que tivemos em 2023 e 2024, estamos empenhados em ajudar a reconstruir a todo o Vale do Taquari, e estamos agora numa tarefa de construção de pontes, retenção de encostas e canalizações. Mas a tragédia trouxe e reviveu aqui o espírito de união, o espírito de resiliência do pessoal e o vale se reconstrói e se ergue muito rapidamente.”

Ângelo Fontana, presidente da CIC-VT

"Uma das oportunidades que vejo aqui na região é a troca entre os empresários que já estão aqui e aqueles que estão vindo investir no Vale do Taquari. Mas temos como um dos principais desafios a logística, principalmente para comportar esse crescimento. São desafios estruturais que têm a ver com a questão de pontes, de fluxo aéreo e terrestre. Principalmente, no entorno da nossa região para que ela possa crescer de forma sustentável."

"É minha primeira participação aqui, estou bastante feliz. Viemos a convite do Sinditabaco e espero aprender com os palestrantes sobre o desenvolvimento regional." 

"Acho que a oportunidade é a questão logística, do desenvolvimento logístico da região, de ter mais vias de acesso a outras regiões. Também temos uma questão de mão de obra, que é outro ponto a ser trabalhado e discutido para buscarmos alternativas."

“Nós ainda temos famílias que não estão residindo na sua casa própria. Temos que olhar também para os empresários que abandonaram os seus negócios, no sentido de ver se eles ainda têm intenção de retomar ou não. Como CDL, precisamos cada vez mais fazer campanhas que promovam as vendas, que atraiam os clientes para as lojas e que gerem a venda, que é o que todo empreendedor quer.”

Giselda Rahn, presidente da CDL Lajeado

"O desenvolvimento do nosso Estado é sempre um desafio, mas ao mesmo tempo nunca deixa de ser uma oportunidade para os gaúchos. Estamos buscando competitividade com os demais estados brasileiros e temos uma longa missão de buscar esse tempo que ficamos parados. É tempo de recuperar e estamos dispostos a realizar esse caminho. O grande desafio de Lajeado é manter a qualidade de vida com o crescimento populacional. Temos três setores que crescem economicamente no município: a indústria, o setor de serviços e o comércio. Manter essas três matrizes forte sempre deixa a cidade forte".

"As cidades do Vale do Taquari foram arrasadas pelas enchentes e estamos vendo os municípios reorganizando seus planos diretores para promover grandes oportunidades para as empresas e espaços nobres, melhorados e acima de tudo planejados. Temos uma oportunidade de replanejar e reorganizar os municípios e com certeza tudo passa pelo desenvolvimento econômico. Precisamos ter uma política pública efetiva de atração de incentivo e fomento para garantir o desenvolvimento das nossas empresas. O único caminho para garantir o desenvolvimento econômico dos municípios é por meio do incentivo e fomento das empresas".

"O desenvolvimento econômico é uma grande oportunidade para os municípios ainda mais depois da tragédia do ano passado. Felizmente, as grandes indústrias de Arroio do Meio não foram afetadas pelas enchentes. Porém, temos um grande problema no município de 22 mil habitantes que é a habitação. Faltam 600 moradias na cidade. É uma demora muito grande por parte dos governos federal e estadual. O município tem trabalhado todo os dias para resolver o problema e temos a esperança que vamos solucionar o problema habitacional na cidade".

"O desenvolvimento econômico é uma oportunidade principalmente para as regiões que foram atingidas pelas enchentes. "A união e a resiliência da população do Vale é muito grande. Diante da dificuldade sempre existe a possibilidade de novos horizontes e novo negócios. Os desafios dos municípios dos Vales e da região Central remetem a questão da habitação. Existe movimento no comércio, na indústria e trabalho. Porém, a questão da moradia está lenta na região.

“A gente tem um perfil empreendedor aqui, de ter conseguido dar a volta por cima, e os dados econômicos refletem essa realidade. A gente vê a força empreendedora, e o poder público busca ser um facilitador, não um dificultador, e a gente tem essa característica em Lajeado e nos demais municípios do vale. O desafio é manter o vale como um lugar que atraia empresas e pessoas, para quem sabe, saltemos também posições no futuro.”

Guilherme Cé, vice-prefeito de Lajeado

“Não existe uma cidade forte econômica ou turisticamente sozinha. Essa união dos municípios e dos nossos vales potencializa nossa região. Por isso, a gente trabalha bastante em conjunto com os municípios vizinhos e eventos como esse são importantes justamente para a gente verificar ações, analisar o cenário atual e políticas públicas que podemos implantar para melhorar nosso futuro e nossa região.”

Marcos Hütmann, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Venâncio Aires

"Existem excelentes oportunidades de negócio para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Os gestores municipais e estaduais tem que perseguir o caminho do desenvolvimento. É preciso buscar uma diversificação na economia do Estado e isso passa por uma atitude individual dos municípios, mas sobretudo por uma atitude coletiva que busque o desenvolvimento regional. É importante que busquemos sempre o melhor para o Rio Grande do Sul e para o cidadão gaúcho".

"A inovação e o desenvolvimento econômico caminham juntos. Uma região se desenvolve por intermédio da inovação e as empresas participam desse processo. O nosso trabalho é impulsionar com políticas públicas pequenas e grandes empresas e starups. A nossa parte é fazer esse ecossistema trabalhar em conjunto com a sociedade e a universidades tendo como resultado final o desenvolvimento econômico das regiões".