O município de Torres chega ao verão com indicadores de saneamento acima da média do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, especialmente na área de esgotamento sanitário, cuja infraestrutura começou a ser implantada nos anos 1960. Segundo o prefeito Delci Dimer, a atual cobertura de tratamento de esgoto tem sido um dos fatores que permitem ao município absorver o crescimento populacional sazonal e permanente de forma mais equilibrada, reduzindo impactos ambientais e pressões sobre os serviços públicos.
Atualmente, Torres já ultrapassa 70% de cobertura de esgoto tratado, índice considerado o mais alto entre os municípios litorâneos da região. Com obras em andamento, a expectativa é superar 80% nos próximos anos. De acordo com o prefeito, os investimentos realizados e anunciados pela Corsan Aegea colocam o município em uma posição diferenciada em relação ao cumprimento das metas do Marco Legal do Saneamento, que prevê 90% de cobertura de esgoto e 99% de abastecimento de água nas áreas urbanas até 2033.
As principais intervenções apontadas pelo prefeito estão concentradas no bairro Vila São João, onde a Aegea executa a implantação de uma nova rede de coleta e tratamento de esgoto que deve beneficiar cerca de 3,5 mil famílias. O contrato prevê a conclusão dessa etapa até 2027, ampliando de forma significativa a cobertura municipal. Outras localidades, como as praias do Sul, foram apontadas por Dimer como mais carentes de novas ligações à rede hídrica.
Além do esgoto, o abastecimento de água em Torres já se aproxima da universalização. Segundo o prefeito, a cobertura chega à maior parte do território urbano, com exceções pontuais relacionadas a áreas em situação judicial ou de expansão recente. “O fornecimento de água já atende praticamente toda a cidade. São situações muito específicas que ainda não estão contempladas”, explicou.
Ao contrário de gestores de outros municípios do Litoral Norte, que têm adotado um tom mais crítico em relação às concessionárias de energia e saneamento, Dimer demonstrou uma postura mais moderada ao avaliar a atuação das empresas. Ele reconheceu dificuldades operacionais, especialmente diante do aumento expressivo da população durante a alta temporada, mas afirmou compreender as limitações enfrentadas pelas concessionárias.
“A gente pressiona e cobra melhorias, mas também entende que é uma demanda muito grande. Não é simples atender uma cidade que sai de 70 mil habitantes para cerca de 300 mil no verão”, disse. No Réveillon, segundo estimativas da prefeitura, Torres pode receber até 1 milhão de pessoas, o que representa um pico de consumo de água, energia e serviços urbanos.
No caso da energia elétrica, o prefeito relatou que não há registros frequentes de problemas estruturais no município, sendo as interrupções mais comuns associadas a temporais, quedas de postes ou acidentes. “Não dá para generalizar e dizer que está ruim. Existem alguns dias com problemas, mas a cidade vem suportando”, avaliou. Para reduzir impactos em serviços essenciais, a prefeitura mantém geradores em unidades estratégicas, como o Pronto Atendimento e dois postos de saúde.
As observações do prefeito dialogam com informações apresentadas pela Corsan Aegea sobre os investimentos no Litoral Norte. Em 2025, segundo o gerente de relacionais institucionais para a região, Luciano Brandão, a companhia destinou cerca de R$ 102 milhões à região, principalmente para obras de ampliação de redes, estações de tratamento e sistemas de bombeamento. A prioridade, segundo a empresa, tem sido elevar os índices de coleta e tratamento de esgoto, já que o abastecimento de água está próximo da universalização na maioria dos municípios litorâneos.
Em Torres, a concessionária executa um conjunto de obras que inclui a modernização da Estação de Tratamento de Esgoto Mampituba e a implantação de novas redes coletoras e elevatórias. A cidade foi uma das primeiras da região a receber investimentos em saneamento, ainda na década de 1960, o que explica parte do avanço atual em relação aos demais municípios.
Dimer também abordou outros temas relacionados ao crescimento da cidade, como o aumento da demanda por educação, saúde e infraestrutura urbana. Segundo ele, Torres tem registrado crescimento populacional contínuo, impulsionado pela migração pós-pandemia e pela valorização imobiliária, mas sem o avanço desordenado observado em outras regiões. “É um crescimento que vem acompanhado de investimentos e planejamento”, afirmou.