A cadeia produtiva da erva-mate, uma das mais tradicionais do Rio Grande do Sul, enfrenta um dos períodos mais críticos desde 1996. Para debater alternativas e construir estratégias de valorização do setor, Ilópolis sedia, no dia 21 de novembro, o I Seminário da Erva-Mate.
O evento é promovido pela Frente Parlamentar da Erva-Mate da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Paparico Bacchi, e reunirá produtores, indústrias, lideranças municipais e entidades representativas. A iniciativa dá continuidade a uma agenda de debates que começou na Casa Legislativa e vem sendo conduzida pelo parlamentar em articulação com organizações do setor.
Nas últimas reuniões, dois instrumentos foram apontados como fundamentais para reorganizar a cadeia: a criação de um consórcio intermunicipal da erva-mate, voltado à profissionalização da gestão e à captação de recursos, e o fortalecimento do Fundomate, fundo estadual destinado a financiar projetos de pesquisa, inovação, promoção comercial e ações de desenvolvimento da erva-mate no Rio Grande do Sul.
O seminário contará com painéis de debate sobre temas estratégicos que impactam diretamente o setor ervateiro, reunindo o Poder Público, o setor produtivo e a sociedade civil, com o objetivo de construir políticas públicas e estratégias de desenvolvimento sustentável para toda a cadeia produtiva.
A crise atual decorre da combinação entre baixo preço pago ao produtor, alta oferta no mercado e queda no consumo per capita. De acordo com a Emater/RS-Ascar, o valor pago pela arroba da erva-mate verde varia entre R$ 17 e R$ 20, o que não cobre os custos de produção. Esse é considerado o cenário mais delicado enfrentado pelo setor em quase três décadas. A retração também se reflete no consumo: a média anual caiu de 11 para 9 quilos por habitante.
Mesmo diante das dificuldades, a erva-mate segue com forte relevância econômica e cultural. Segundo a Radiografia Agropecuária Gaúcha 2024, o Rio Grande do Sul produz cerca de 273,7 mil toneladas da planta por ano, com presença em 173 municípios e área cultivada de 34 mil hectares. Ilópolis ocupa o primeiro lugar no ranking estadual de produção.